Crise

Desemprego deve subir para 6,8% em junho, projeta Fipe

A taxa de desemprego deve subir para 6,8% em junho, um avanço de 0,1 ponto porcentual na comparação com maio, estimou a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), com base em dados da Catho, empresa de recrutamento online. Se confirmada a projeção, o avanço na comparação com junho de 2014 será de 2 pontos porcentuais, o maior acréscimo em 12 meses de toda a série histórica da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), iniciada em março de 2002, ressalta a Fipe.

A projeção da instituição para a taxa de desemprego em junho também representa o valor mais alto registrado desde julho de 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), além de ser o oitavo mês consecutivo em que o nível de desemprego permanece estável ou aumenta na comparação com igual mês do ano anterior. “A tendência de piora segue, visto que a cada mês a distância da taxa de desemprego atual com relação à do mesmo mês do ano anterior aumenta”, diz o relatório.

Metodologia

A estimativa da Taxa de Desemprego Antecipada usa dados em tempo real para produzir informações e estatísticas por meio da técnica do “nowcasting”. A Fipe cruza informações obtidas com buscas na internet (por meio de palavras-chave relacionadas a emprego, por exemplo) com informações de vagas, candidatos e contratações da Catho, além de outros dados econômicos e também a própria série da PME dos meses anteriores para estimar a taxa de desemprego do mês corrente.

Salário médio

O valor médio dos salários dos admitidos entre março e maio de 2015 foi 1,6% menor que o registrado no mesmo período de 2014, já descontada a inflação do período. O cálculo da Fipe com base em dados Catho revela que esta retração é mais intensa que a registrada na crise de 2009. “Ainda que esse resultado não seja o pior que vimos nos últimos meses (em fevereiro a queda foi de 2,1% e em março, de 1,5%) é fato que o resultado atual se configura como um número fraco de variação dos salários de admissão”, afirma a nota.

Segundo a Fipe, a evolução da remuneração dos trabalhadores que começam em um emprego é um termômetro mais ágil de variações dos salários do que a média de remuneração de toda a população ocupada.

Além disso, no trimestre encerrado em maio de 2015, os novos profissionais foram contratados por um salário médio 10,7% menor que o dos trabalhadores que foram demitidos ou deixaram seus empregos. Esta retração mostra a dificuldade que os postulantes a emprego encontram no momento de negociar o valor da remuneração.

O indicador de pressão salarial referente a maio ficou em 0,893, na série com ajuste sazonal. A média registrada entre 2006 e 2015 é de 0,916. No período, o momento de maior pressão salarial foi em abril de 2012, quando o indicador ficou em 0,941. “A partir de então, lentamente, a pressão salarial apresenta tendência de queda e já está significativamente abaixo da média do período 2006-2015, indicando que o mercado de trabalho está num período menos apertado”, afirma a Fipe.