Com mercado imobiliário em baixa, WTorre investe em entretenimento

Para reduzir sua exposição em ativos imobiliários, sobretudo escritórios, que enfrentam um momento difícil, com grande oferta e ritmo desacelerado de vendas, o grupo WTorre decidiu reforçar suas apostas na área de entretenimento. A companhia – responsável pela construção do Allianz Parque, o novo estádio do Palmeiras, que além dos jogos é palco para shows de grande porte – vai investir na construção de teatros e ginásios indoor.

O primeiro teatro vai ser inaugurado em setembro no complexo do Shopping JK Iguatemi, que engloba as torres do prédio do Santander, com investimentos de cerca de R$ 100 milhões. O segundo será no Morumbi, onde a construtora ergue duas torres comerciais, com inauguração prevista para 2016, e aportes em torno de R$ 70 milhões. “Há uma carência na cidade por casas de espetáculos de grande porte, para realização de musicais, por exemplo”, disse ao Estado, Rogério Dezembro, presidente da área de entretenimento do grupo.

Com alto endividamento, a estratégia de diversificação dos negócios da companhia dá novo fôlego para o grupo, que pertence ao empresário Walter Torre.

Além de investir em entretenimento – como estádio, teatros e projetos, ainda em discussão, para a construção de dois ginásios indoor (um em São Paulo e outro no Rio de Janeiro), que terão flexibilidade para realizar eventos esportivos e shows de menor porte -, o grupo também deverá anunciar em breve investimentos em infraestrutura portuária. A companhia já avalia negócios no Maranhão. A WTorre, que originalmente começou como construtora, atua em desenvolvimento imobiliário, infraestrutura e logística.

No ano passado, a empresa registrou um faturamento de R$ 1,5 bilhão. Desse total, R$ 636 milhões são considerados receitas extraordinárias – oriundas da venda do JK Iguatemi no ano passado (64% estão nas mãos da família Jereissati, dona do Iguatemi, e o restante pertence ao fundo de pensão americano TIAA). Metade desses recursos foi para reduzir a pesada dívida da companhia, que encerrou o ano passado em R$ 900 milhões, ante R$ 1,2 bilhão em 2013.

De acordo com Dezembro, a decisão de criar uma divisão de entretenimento foi em parte atribuída à construção do Allianz Parque, que garante ao grupo as receitas com o aluguel do estádio para shows – em novembro do ano passado, o ex-Beatle Paul McCartney fez duas apresentações no estádio. Além disso, a arena tem espaço dedicado a eventos para realização de congressos a casamentos. A companhia tem como parceira a gigante americana AEG, especializada em gestão de arenas, que também poderá assessorar o grupo nos teatros.

Já a receita com os jogos fica nas mãos do Palmeiras. As relações entre a construtora e a direção do clube são tensas – a companhia e o clube tentam resolver o conflito por meio de arbitragem sobre o direito de venda das cadeiras do estádio para o torcedor.

Com a remodelação do estádio do Palmeiras, a WTorre fechou em 2013 acordo, por 20 anos, com a seguradora Allianz de “naming rights” (direito de batizar o local), por R$ 300 milhões, de acordo com fontes. Os dez anos restantes de gestão da WTorre sobre a Arena serão discutidos no futuro, mas a prioridade é da Allianz. A seguradora já [ ]tem o nome em vários estádios pelo mundo e o principal deles é o da Alemanha, campo onde joga o Bayern de Munique. O mesmo contrato foi fechado com o Santander, que batiza o teatro.

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