Real valorizado manteve IPP em baixa em julho, diz IBGE

As quedas consecutivas no Índice de Preços ao Produtor (IPP) entre março e julho deixaram o índice com uma alta acumulada de apenas 0,61% neste ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para o mês de julho, o resultado nesta comparação é o menor desde 2011, quando acumulou alta de 0,59%. “São dois momentos em que o real está bastante valorizado, e isso faz com que a taxa acumulada do IPP seja baixa”, explicou o técnico Alexandre Brandão, gerente do IPP.

Em 2011, a valorização do real foi mais intensa. A divisa brasileira ganhou 7,6% frente o dólar entre janeiro e julho daquele ano, segundo o IBGE. Agora, a apreciação do real foi de 4,7% em sete meses. “O índice tem um atrelamento grande com o dólar”, reforçou Brandão, citando setores bastante influenciados pela cotação da moeda norte-americana e que estão até mais baratos no acumulado de 2014, como madeira (-3,95%) e papel e celulose (-1,05%).

Em 12 meses, o alívio também é significativo. Após atingir, em fevereiro deste ano, o pico da série (iniciada em janeiro de 2010), a taxa recuou dos 8,24% até chegar a 3,45% em julho. As cinco deflações consecutivas entre março e julho de 2014, algo até então inédito, foram decisivas para este movimento. “De março para cá, o IPP acumulou queda de 1,94%”, calculou Brandão.

Apesar disso, o gerente do índice refuta a ideia de que a redução nos preços tem relação direta com a menor atividade. “Os preços podem cair devido a um impacto da matéria-prima, não necessariamente por atividade menor. Seria leviandade dizer isso”, afirmou Brandão. Segundo ele, os aumentos em veículos no âmbito da indústria, mesmo com a queda observada na produção, mostram que alguns setores têm poder para enfrentar uma crise recompondo preços.

Veículos

Os preços de veículos e de refino de petróleo e produção de álcool impediram que a deflação fosse ainda mais intensa no atacado em julho. O Índice de Preços ao Produtor (IPP) registrou queda de 0,29% no mês passado, mas os dois segmentos tiveram alta nos preços, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os veículos ficaram 0,22% mais caros na porta de fábrica em julho, segundo o instituto.

“Automóveis vêm aumentando os preços de forma tímida ao longo do tempo, assim como outros produtos. Mas, no momento em que o IPP está caindo, e eles têm um peso muito grande, isso sobressai. Mas não tem nada muito diferente do que era o quadro no mês passado”, explicou o técnico Alexandre Brandão, gerente do IPP.

“Depende da estratégia de cada empresa, mas o que vemos é que estão aumentando. O setor, mesmo com dificuldade, tem conseguido repassar alguns preços”, acrescentou, referindo-se à redução na produção de veículos observada desde o início do ano.

No caso de petróleo e álcool, a alta de 0,51% em julho tem como pano de fundo o represamento de estoques por parte de produtores de álcool. À espera de preços mais vantajosos, a retenção diminuiu a oferta, mesmo num período em que a safra de cana-de-açúcar geralmente irriga o mercado. “Com essa restrição na oferta, houve aumento de preços”, disse Brandão.

Além disso, as naftas também ficaram mais caras no período, contribuindo para a alta no segmento. “Não é algo particular do Brasil. Isso espelha a situação mundial, que está ligada a problemas na Síria e no Oriente Médio. O fluxo de comércio está um pouco abalado, então os preços voltaram a subir”, explicou o gerente do índice.

Por outro lado, há setores que inverteram a alta no mês passado, como foi o caso da metalurgia. Após subir 1,12% em junho, o segmento registrou queda de 0,27% nos preços, segundo o IBGE. O mesmo ocorreu com impressão (2,73% para -2,15%), outros equipamentos de transporte (0,63% para -0,12%), farmacêutica (0,47% para -0,52%) e máquinas e equipamentos (0,34% para -0,23%).

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