Responda rápido, para onde está indo o seu dinheiro? A dificuldade na resposta serve de termômetro para medir o controle que cada um possui sobre o próprio orçamento. Na teoria, basta anotar entradas e saídas para resolver o assunto. Mas praticar isso dia após dia ao longo do mês exige disciplina e coragem, já que não é raro encontrar quem abandone as anotações ao tropeçar em uma “promoção imperdível” que ultrapasse o saldo existente e anule o projeto de se ter uma planilha a fim de construir uma vida financeira equilibrada.
Antes que a próxima oportunidade de gasto por impulso esbarre em você, faça uma conta simples, pegue a sua remuneração líquida mensal e divida pelas horas trabalhadas ao longo de 30 dias. O valor final servirá de comparativo para todo produto ou serviço que decidir consumir. “Comparar a quantidade de horas que você precisa trabalhar para adquirir algo dá uma nova dimensão para a tomada de decisão de gastar ou não”, orienta o especialista em finanças e professor da FAE Centro Universitário, Amilton Dalledone Filho.
Outro recurso altamente recomendado para desenvolver disciplina financeira é definir projetos de curto, médio e longo prazo. “São os sonhos individuais e coletivos que motivam uma família a entrar em um acordo de como usar o orçamento para atingir seus objetivos. Enquanto não se definem quais são os desejos verdadeiros, fica difícil desenvolver a renunciar gastos banais”, aponta o terapeuta e educador financeiro Reinaldo Domingos. Fundador da DSOP Educação Financeira, ele explica que a importância do sonho na vida financeira é tão importante, que é um dos pilares da metodologia, tanto que a sigla são as iniciais de Diagnóstico, Sonhos, Orçamento e Planejamento.
Ambos especialistas têm como ponto de partida a anotação precisa de todas as empresas. “É fundamental conhecer para onde vai cada centavo do seu orçamento”, destaca Domingos. E a anotação pode se dar tanto em uma caderneta de papel, quanto em modernos aplicativos para celulares e tablets. Independentemente da plataforma, a planilha vai depender exclusivamente de quem estiver detalhando gasto por gasto.
Serviço
Faça aqui o download de uma planilha para controlar seu orçamento.
Descuido gera prejuízo
A médica geriatra Eleida Marta dos Santos avalia de forma positiva a sua vida financeira, mas confessa que por um ano deixou a planilha de lado e o resultado foi um período de turbulência nas contas domésticas.
“Trabalhei 22 anos como bancária e só depois fui cursar Medicina. No período de transição entre as duas profissões, deixei as planilhas de lado e acabei perdendo as rédeas a ponto de me endividar, pois as entradas em um consultório médico acontecem em diferentes dias do mês e por diferentes fontes pagadoras”, recorda a médica.
Bastou refazer a planilha, para retomar o controle financeiro. “Hoje sei que 50% do que recebo vão para os custos fixos do consultório, 20% são investimentos e poupança e 30% são para as minhas despesas. Desse jeito não passo sufoco e ainda consigo ajudar a família nos apuros que sempre surgem”, comenta Eleida.
Reserve pra imprevistos
Reservar um percentual para as situações de emergência é outro item indispensável. “O ideal é reservar 10% dos ganhos no mês para a poupança”, indica Dalledone. Com isso, ao longo de um ano, a pessoa terá acumulado pouco mais de um salário. O aposentado Victor Hugo Maciel afirma que a organização dos gastos garantiu tranquilidade para a sua família. “Hoje não tenho necessidade de anotar tudo em planilha, porque os filhos já estão criados e independentes, mas na época em que eles eram pequenos pre,cisei controlar tudo para dar conta”, avalia. “Mesmo com essa onda de crédito fácil, me recuso a gastar mais do que tenho, porque qualquer forma de crédito vem com juros que só levam o seu dinheiro. As pessoas precisam se conscientizar que o único que nunca perde é o banco”, ensina. E, mesmo na época de orçamento apertado, Maciel se disciplinou a poupar. “As emergências ou despesas extras sempre vêm, por isso é imprescindível ter uma reserva”.
