Infraero vai licitar obras no Afonso Pena

Serão lançados neste primeiro semestre os editais de licitação para a execução de três grandes obras no Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais: aeroshopping, edifício-garagem e reforço nas pistas. A confirmação da abertura do processo licitatório veio da sede da Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária), em Brasília, na semana passada, enquanto o novo superintendente da Infraero no Aeroporto Internacional Afonso Pena, Nilo Sérgio Reinehr, concedia entrevista a O Estado. Segundo ele, os três projetos já estão prontos, faltando apenas a contratação das construtoras. O Estado apurou que os investimentos nas três obras giram ao redor de R$ 90 milhões. “O objetivo é oferecer mais conforto e segurança aos passageiros”, diz Reinehr.

O aeroshopping consiste na reformulação do espaço comercial do aeroporto. Além da mudança de layout, o projeto prevê a expansão do número de lojas no mix – de 66 para 110. Fazem parte da remodelação a instalação de duas salas de cinema e a ampliação da área de alimentação. Assim que sair o resultado da licitação, a empresa vencedora terá prazo de doze meses para concluir a obra. Também está nos planos a instalação de um duty – free shop no Afonso Pena, que vai depender da consolidação do movimento nos vôos internacionais.

No ano passado, o movimento total de passageiros no Afonso Pena caiu 8,96% em relação a 2002. Mesmo com o aquecimento de 93,51% registrado nos vôos internacionais – de 26.823 para 51.905 passageiros – o fluxo total reduziu de 2.760.130 para 2.512.871 pessoas. O superintendente salientou que a diminuição ocorreu na maioria dos aeroportos brasileiros. “Em Confins (MG), onde eu trabalhava no ano passado, a queda foi de 30%, mesmo com o aumento de 10% no movimento internacional.” Reinehr atribui a retração à queda da atividade econômica no País.

Porém a quantidade de vôos internacionais do Afonso Pena saltou de um, para Miami, em 2002, para cinco, no ano passado. Além do vôo para Miami, que sai de Curitiba, com escala em São Paulo, há dois vôos para Buenos Aires, um para Assuncion e outro para Montevideo. “Estamos torcendo para que os vôos internacionais dêem certo para ativar o free shop, que só se viabiliza se houver demanda”, anuncia Reinehr. Segundo ele, os contatos com as empresas que operam os free shops do Brasil já iniciaram. No ano passado, 22.463 passageiros desembarcaram no Afonso Pena em vôos internacionais – contra 5.865 no ano anterior. Para 2004, o superintendente projeta um volume 5 a 10% maior de passageiros no Afonso Pena, “em razão da expectativa de retomada do crescimento econômico”.

O número de pousos e decolagens também fechou o ano de 2003 com queda (-19,36%), passando de 67.672 para 54.568. De acordo com o superintendente da Infraero, a operação conjunta Varig/TAM foi o principal motivo para a redução na oferta de vôos. “Houve um aproveitamento maior do espaço das aeronaves”, comenta.

Estacionamento

coberto

Junto com o aeroshopping, o edifício-garagem – que será construído defronte ao terminal de passageiros, no local onde hoje funciona o estacionamento – é outra prioridade da nova gestão. Quando estiver pronto, ampliará a capacidade atual de 670 para 2,6 mil vagas. Serão 2.021 vagas nos quatro andares do prédio mais duas áreas cobertas de estacionamento. Um aeroservice ligará o prédio com o piso do check-in do terminal de passageiros. A previsão de duração das obras do edifício-garagem é de 18 meses.

Ainda no pacote das licitações de grande porte, está o reforço da pista principal, que tem 2.216 metros. O objetivo é permitir o pouso de aeronaves de maior porte. “Hoje os 747 e DC-10 vêm com restrições. Com o reforço na pista, podem descer com cargas maiores e decolar com maior peso”, explica o superintendente. Embora o projeto para a construção de uma terceira pista (com 3,4 mil metros) esteja pronto – inclusive com área desapropriada para esse fim – a Infraero ainda não decidiu se vai viabilizar a nova pista, se vai ampliar a principal ou se fará as duas coisas.

Outros investimentos somam R$ 7 milhões

Além das três licitações, foram aprovados mais R$ 7 milhões para trinta obras e serviços de pequena monta nos aeroportos Afonso Pena e Bacacheri em 2004. Em março, será entregue o sistema de climatização de todo o terminal de passageiros, que recebeu aporte de R$ 1,8 milhão. “Como só tínhamos ar refrigerado nas partes baixas, o local ficava muito quente no verão e muito frio no inverno. Havia muita reclamação”, relata o superintendente. “Com a instalação de máquinas de refrigeração e calefação, teremos ar frio no verão e ar quente no inverno.”

Outra novidade, que já está funcionando no primeiro piso (embarque), é um cyber café, inicialmente com três computadores. Na área operacional, a Infraero está investindo R$ 498 mil no sistema de docagem, que orienta o piloto na acoplagem da aeronave com a ponte de embarque. É um sistema semi-automático, com previsão de conclusão em junho.

ILS

Também está prevista a revitalização dos equipamentos de proteção ao vôo, num investimento próximo de US$ 2 milhões. A Infraero promete que o ILS categoria 2, repassado em abril de 2003 pelo Cindacta, deve voltar a operar na cabeceira 15 até primeiro de fevereiro. O ILS-2 permite pousos com visibilidade de 30 metros na vertical e 400 metros na horizontal. Por enquanto, está funcionando na cabeceira 15 apenas o ILS-1, que possibilita aterrisagens com visibilidade de 60 metros na vertical e 800 metros na horizontal (com o sistema de luzes ALS). “O ILS-2 vai reduzir muito a incidência de fechamento do aeroporto”, diz Reinehr. Na outra cabeceira da pista principal do Afonso Pena (33), está sendo instalado o ILS-1, com previsão de término das obras no final de junho.

Porém isso não significa que não haverá mais vôos cancelados. “Várias aeronaves e tripulações não estão homologadas para a categoria 2.” A instalação de um sistema que permite pouso com menor visibilidade (ILS-3) não se justifica, de acordo com o superintendente, pelo alto custo. Só quatro aeroportos no mundo operam com esse sistema.

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