Fipe eleva projeção para IPC de julho para 0,27%

O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), Antonio Evaldo Comune, elevou hoje, de 0,25% para 0,27%, a projeção para a taxa de inflação de julho na cidade de São Paulo. Em entrevista à Agência Estado, ele afirmou que fez apenas um leve ajuste na estimativa, em função do comportamento do indicador da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), que apresentou taxa de 0,19% na primeira quadrissemana do mês ante taxa de 0,01% no enceramento de junho.

O resultado ficou levemente acima da expectativa de Comune para a primeira leitura de julho, que era de 0,16%. Superou também as previsões dos economistas do mercado financeiro, já que eles aguardavam uma taxa de 0,04% a 0,17%, conforme levantamento da Agência Estado.

O coordenador disse, no entanto, que o comportamento da inflação está dentro do esperado para julho. Segundo ele, o mês tende a ter o IPC puxado para cima pela recuperação dos preços dos grupos Alimentação e Transportes e por uma pressão sazonal do grupo Despesas Pessoais, já que este conjunto de preços contém o item Viagem (Excursão), que capta, por exemplo, o efeito das férias escolares. “O resultado do IPC na primeira quadrissemana veio dentro da normalidade”, comentou.

Na primeira leitura de julho, o grupo Despesas Pessoais foi o que mais contribuiu para a alta do IPC. Com uma alta de 0,76% ante elevação de 0,74% no final de junho, o conjunto de preços respondeu por 0,09 ponto porcentual da taxa geral da primeira quadrissemana. O item Viagem (Excursão) foi o líder do ranking de contribuições de alta do período, com um avanço de 3,62% e uma representação de 0,04 ponto porcentual para a inflação.

Quanto aos grupos Alimentação e Transportes, o primeiro saiu de uma queda de 0,58%, no final de junho, para uma variação positiva de 0,01%. Já o grupo Transportes reduziu bastante a queda no mesmo período, de 0,90% para 0,12%.

Segundo Comune, a Alimentação vinha refletindo uma queda forte dos itens in natura, que compensava altas igualmente expressivas do começo do ano. Agora, ele disse acreditar que o grupo passa por um período de maior normalidade. “Se ficasse sempre neste nível de estabilidade, estava ótimo”, disse ele, que projeta alta de 0,40% para o grupo no final de julho.

Em relação aos Transportes, o coordenador do IPC destacou que a queda menor do grupo é um reflexo da recuperação nos preços dos combustíveis, que estavam em queda importante em junho. De acordo com Comune, a parte de Transportes deve mostrar alta de 0,21% no encerramento do mês.

A divulgação de hoje da Fipe foi a primeira que trouxe os itens do IPC com novos pesos, como parte das tentativas do instituto de retratar de maneira mais fiel a realidade dos preços na capital paulista. A mudança nos pesos é a primeira feita de forma significativa desde 2000 e representa a etapa final da formação da nova Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) da Fipe, que começou em outubro de 2008.

Questionado se a mudança de pesos poderia ter inflado o resultado do IPC na primeira quadrissemana, Comune descartou essa possibilidade, já que, segundo ele, há uma tendência de convergência entre os pesos dos itens. “O peso do aluguel, por exemplo, diminuiu (de 8,97% para 4,68%), mas este peso que restou se encontra distribuído em outros itens”, afirmou.

De acordo com o gerente de Pesquisas do IPC da Fipe, Moacir Moken Yabiku, que cuida da parte técnica do indicador e auxilia Comune, a mudança de pesos só teria um impacto maior entre uma divulgação e outra se algum item com peso muito alto tivesse apresentado uma elevação muito forte. “E não foi isso que vimos na primeira quadrissemana”, disse.

Voltar ao topo