Oleaginosa

Canola conquista os produtores do Paraná

Os campos paranaenses estão mais amarelos por causa da canola. Produtores rurais do Estado apostaram na oleaginosa como alternativa na safra de inverno e agora estão colhendo bons frutos.

O preço na comercialização chega próximo ao da soja, vendida por aproximadamente R$ 35 a saca de 60 quilos. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, houve um aumento de 103% na área plantada com canola no Paraná.

São 12.838 hectares, contra 6.329 hectares no ano passado. A produção deve alcançar 21.480 toneladas em 2010, contra as 7.270 toneladas de 2009. Isto representa um acréscimo de 195% na produção paranaense da oleaginosa.

A área cultivada vem aumentando nos últimos anos no Estado e se tornou uma ótima opção para a safra de inverno. A canola é a terceira oleaginosa mais plantada em todo o mundo, mas o Brasil ainda está engatinhando no seu cultivo.

As plantações estão concentradas especialmente no Rio Grande do Sul e no Paraná. “A canola tem mercado e um bom teor de óleo. É uma opção em relação ao trigo, que historicamente é uma cultura que apresenta mais riscos”, explica Otmar Hubner, engenheiro agrônomo do Deral.

De acordo com ele, há empresas sediadas no Paraná que estão fomentando e estimulando a produção de canola. Além do óleo comestível, a oleaginosa pode ser utilizada na fabricação de biodiesel. O farelo de canola também é uma opção na composição de rações para bovinos, suínos e aves.

A canola tem menos riscos na produção, mas isto não significa que cuidados podem ser dispensados. A plantação é resistente à geada. No entanto, a chuva oferece perigo.

As ramas são pequenas e a umidade excessiva pode apodrecê-las. Também há riscos de proliferação de doenças neste cenário. Como os grãos são pequenos, é necessário ter uma boa preparação para a colheita.

Além da boa aceitação no mercado, a canola tem um custo de produção menor em relação a outras culturas. O produtor gasta menos com adubo e fungicidas na comparação com o trigo, por exemplo.

BS Bios estimula produção

Uma das empresas que está fomentando a produção de canola no Paraná é a usina BS Bios Marialva, que produz biocombustível na cidade de Marialva, na região norte do Estado.

A empresa (que tem participação da Petrobras) criou o Programa de Produção de Canola. Nele, os produtores recebem sementes importadas certificadas, assistência técnica gratuita e pacote tecnológico com todos os insumos necessários para a plantação.

“No final, o produtor tem a garantia de comercialização. Ele fez o contrato já sabendo para quem vai vender”, comenta Josiene Roberta Carraro, coordenadora do departamento técnico da BS Bios Marialva.

Os produtores também têm em contrato a garantia de vender a canola por um preço similar ao da soja. A usina tem capacidade para fabricar 127 milhões de litros de biodiesel por ano.

Por enquanto, a produção cumpre a demanda de um leilão vencido pela empresa de 20 milhões de litros, utilizando o óleo de soja. Segundo Carraro, ainda não há canola suficiente para incorporá-la na produção do biocombustível.

“A canola tem propriedades físicas e químicas que levam à qualidade. O óleo da canola é um óleo nobre e, por isto, a qualidade do produto final é melhor do que o óleo de soja”, conta.

A coordenadora revela que cerca de 5 mil hectares de canola plantados no Estado nesta safra vieram por meio do fomento da empresa, o equivalente à metade da área plantada em todo o Paraná com a oleaginosa neste ano.

A expectati,va é incentivar ainda mais e chegar aos 15 mil hectares em 2011. Enquanto isto, na colheita deste ano (que começa em agosto e vai até setembro), toda canola entregue à usina pelos produtores será encaminhada para a indústria alimentícia para a produção de óleo.

Existe plano para a usina repassar, a partir do ano que vem, todo o volume de canola para uma outra empresa que produza o óleo industrial, que pode ser usado na fabricação posterior do biodiesel. O subproduto deste processo é a glicerina, que depois é comercializada com indústrias farmacêuticas e de cosméticos.

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