Estimativa

Acordos salariais têm impacto no comércio

As negociações coletivas dos metalúrgicos de Curitiba e Região Metropolitana com database em dezembro devem injetar, em um ano, mais de R$ 71 milhões na economia paranaense em aumentos salariais (o equivalente a R$ 5,3 milhões por mês) e mais R$ 23 milhões em abonos.

A estimativa, apresentada ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e pelo Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC), leva em conta os reajustes obtidos, que tiveram uma média de 8,19% e atingiram 33,2 mil trabalhadores.

Para as entidades, negociações feitas individualmente com a maioria das empresas têm levado a acordos melhores. Por enquanto, os reajustes negociados diretamente com as empresas foram, em média, de 8,4%, o que significa 4,1% de aumento real.

Já nas indústrias que seguem a convenção coletiva (negociada com o sindicato patronal), o aumento é de 8%. Até agora, cerca de metade (16,9 mil) dos trabalhadores foram beneficiados pelas negociações individuais, mas o número deve aumentar, já que muitas empresas usam a convenção coletiva apenas como base, mas adicionam novos termos aos acordos, transformando-os em individuais.

Para o presidente do SMC, Sérgio Butka, a exclusão de sindicatos patronais das negociações vem sendo adotada sistematicamente pelo Sindicato, e tem garantido avanços melhores aos trabalhadores do que no restante do País.

Segundo ele, nas convenções coletivas, se negocia pela capacidade média de cada empresa, e os reajustes acabam “nivelados por baixo”. O sindicato que representa as indústrias metalúrgicas em Curitiba e Região, por exemplo, cobre um universo de cerca de 3 mil empresas, de todos os tamanhos.

“Nas negociações individuais, os trabalhadores também ficam mais satisfeitos porque participam mais das conversas. As assembleias são em porta de fábrica”, completa Butka.

Ele lembra que o procedimento já foi adotado durante as conversas com as indústrias automotivas, em setembro, e de autopeças, em outubro. Os acordos cuja database vence em dezembro referem-se às indústrias metalúrgicas e de máquinas.

De acordo com o economista Sandro Silva, do Dieese, os acordos deste ano vêm sendo melhores que os dos anos anteriores, que vinham garantindo entre 2% e 3% de aumento real.

Para ele, as negociações do setor metalúrgico de Curitiba e Região Metropolitana foram as melhores fechadas no Estado, em 2009. Para ele, conversas feitas individualmente com cada empresa são uma tendência clara, ao menos no setor industrial, “onde os sindicatos têm mais poder de mobilização”.

Cálculos

Pelos cálculos do Dieese, dos R$ 71 milhões anuais referentes aos acordos, cerca de R$ 36 milhões são referentes apenas à reposição da inflação anual, estimada em 4,14%. Os R$ 35 milhões restantes referem-se ao aumento real.

“Esse é o ganho do poder aquisitivo do trabalhador, o que reflete no seu dia-a-dia”, explica Silva. Já o valor total dos abonos leva em conta 46 acordos, que garantiram a 16,7 mil trabalhadores um benefício médio de R$ 1.378,14.