De olho em um aumento na demanda por biodiesel, devido, entre outros fatores, ao aumento da porcentagem do produto no diesel comum, que entra em vigor em 1.º de janeiro de 2010, a Petrobras Biocombustíveis e a empresa gaúcha BSBios anunciaram, ontem, em Curitiba, uma parceria para produção do combustível no Paraná.
Com um investimento de R$ 100 milhões, o empreendimento será em Marialva, no Norte do Estado, e terá capacidade para produzir 120 mil metros cúbicos de biodiesel, movimentando R$ 300 milhões anuais na região.
Parte das instalações da usina já existiam, e foram compradas pela BSBios durante o processo de recuperação judicial da Agrenco, ainda no primeiro semestre.
A novidade foi a parceria com a Petrobras Biocombustíveis, considerada estratégica por ambas as empresas. A previsão das parceiras é de que a produção na usina inicie até o final de março do ano que vem, para que possam participar já do próximo leilão para compra do produto, promovido pela Agência Nacional de Petróleo (ANP).
Para o presidente da Petrobras Biocombustíveis, Miguel Rossetto, a participação da estatal na usina consolida a presença da empresa no Sul do País. Atualmente, a companhia mantém três usinas, sendo duas no Nordeste (Ceará e Bahia) e uma no Norte de Minas Gerais.
“O Paraná é o terceiro mercado consumidor de diesel no País e tem condições excepcionais de produção de matéria-prima”, afirmou. Segundo o presidente da BSBios, Erasmo Battistella, a usina de Marialva deverá trazer auto-suficiência em biodiesel ao Estado, que hoje é importador do produto.
Ele lembrou que essa é a primeira associação da Petrobras com empresas do setor, e previu que, quando entrar em operação, a usina poderá dobrar o Produto Interno Bruto (PIB) do município de cerca de 30 mil habitantes, que é de aproximadamente R$ 300 milhões.
De acordo com o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Valter Bianchini, com a adição obrigatória de 5% de biodiesel ao diesel e não mais 4%, como hoje , o Paraná, que consome cerca de 4 bilhões de litros anuais do combustível, irá demandar cerca de 200 milhões de litros do biodiesel por ano.
Bianchini ressaltou que a usina de Marialva irá beneficiar também a agricultura familiar, já que as parceiras, para receber benefícios fiscais previstos na legislação federal, deverão comprar pelo menos 30% da matéria-prima dos pequenos agricultores.
Segundo ele, apesar da principal matéria-prima utilizada para a produção do biodiesel ser a soja, a usina tem capacidade para trabalhar com várias outras alternativas.