Ocupação do Brasil foi predatória, diz escritor

“O Brasil não nasceu como uma nação ou um país, mas sim como um projeto de exploração ecológica”. A afirmação é do professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e autor do livro Um Sopro de Destruição, José Augusto Pádua, que ontem proferiu em Curitiba a palestra A Ocupação do Território Brasileiro e a Conservação dos Recursos Naturais, durante o IV Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação.

José acredita que todo o desmatamento percebido hoje é resultado de um modelo de ocupação totalmente predatório, que teve início com a chegada dos portugueses ao território brasileiro: “Quando os portugueses chegaram ao Brasil, todo litoral era formado por Floresta Atlântica. Hoje, a floresta está reduzida a apenas 7% da quantidade original”, afirma.

Segundo o professor, logo que chegaram, os portugueses transmitiram suas doenças aos povos indígenas que viviam no Brasil. “Essa foi a primeira grande devastação promovida pelos colonizadores”, pois a gripe, a peste bubônica e outras enfermidades mataram 90% da população indígena – que na época era composta por cerca de 1 milhão de pessoas – logo nas primeiras décadas de contato. “Os índios não conheciam as doenças que se desenvolviam na Europa e na Ásia. Por isso, o sistema imunológico deles não tinha resistência a elas”.

Outro fator que gerou a destruição dos recursos naturais brasileiros, de acordo com José, foi a implementação de animais como cavalos, porcos e bois por parte dos povos europeus. As patas dos bois, por exemplo, geraram grande compactação do solo. Porém, todos os animais trazidos de fora se multiplicaram muito rapidamente – não conviviam com predadores naturais – e passaram a se alimentar da vegetação nativa brasileira, contribuindo com a deterioração da mesma. “Os colonizadores também estudaram muito pouco da biodiversidade brasileira, introduzindo espécies exóticas para monocultura, como açúcar, café, eucalipto e soja. Eles não promoveram o cultivo de espécies nativas, havendo uma desvalorização dos ecossistemas nativos diante da valorização das monoculturas. Para a economia deles, a Mata Atlântica era um empecilho. Cultivavam o mito de que a natureza era inesgotável”.

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