Dinamismo

Programa libera leitos de hospitais de Curitiba mais rápido

Quando a diarista Marines de Lima decidiu reconciliar-se com o irmão, descobriu que ele estava desaparecido há mais de 60 dias. O registro do desaparecimento e a divulgação da foto nas redes sociais ajudou a reencontrá-lo, internado no Hospital do Trabalhador. “Encontrei meu irmão bastante machucado e ninguém sabia explicar o que tinha acontecido. Entrei em pânico achando que nunca iria conseguir cuidar dele e tirá-lo de lá”, conta.

Foi neste momento que Marines conheceu o programa Melhor em Casa. Gerido pela Fundação Estatal de Atenção Especializada em Saúde de Curitiba (Feaes), o Melhor em Casa atendeu mais de 13,8 mil pessoas desde 2013 e antecipou a alta hospitalar de quase 2 mil pacientes nos últimos três anos, liberando leitos do SUS para novos atendimentos.

Formado por equipes multiprofissionais, compostas por médico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, farmacêutico, nutricionista, enfermeiro e técnico de enfermagem e assistente social, o programa faz o atendimento na casa do paciente, com orientação de cuidadores sobre como proceder para ajudar na recuperação dos pacientes, acelerando assim a alta hospitalar.

“Atendemos pacientes com necessidades de reabilitação, dificuldade ou impossibilidade física de locomoção, além de pacientes crônicos sem agravamento ou em pós-cirurgia e que contam com a presença de cuidador em tempo integral. Com isso, em alguns casos, conseguimos antecipar a alta hospitalar e o paciente acaba se recuperando mais rápido, dispondo de todos os cuidados sem abrir mão do convívio familiar”, conta a médica Dayane Torres. Este é o caso de Valdecir, que não tem mais mobilidade e precisa de cuidados 24 horas.

Enquanto preparava a casa para receber o irmão, Marines pegou dicas de cuidado com os enfermeiros do Hospital do Trabalhador. Depois, já instalados, os profissionais do Melhor em Casa ensinaram como dar banho, alimentação – que no início era feita por sonda -, exercícios de fisioterapia e esclareceram todas as dúvidas de cuidado. “No início tinha medo de não dar conta. Agora, às vezes falo que estou cansada, ele faz carinho no meu rosto. Apesar de tudo, é muito bom ter ele aqui comigo”, explica a diarista.

Melhor em Casa

A quantidade de pacientes acompanhados pelo Melhor em Casa equivale ao atendimento de um hospital de grande porte, já que são mais de 400 pacientes que poderiam estar internados, mas recebem toda assistência em casa, com o apoio da família.

Embora 75% dos pacientes atendidos tenham mais de 60 anos, o serviço atende pessoas de todas as idades. Por meio de reuniões com os pontos de assistência – hospitais, unidades de pronto atendimento (UPAs) e unidades básicas de saúde – o Melhor em Casa é apresentado, e qualquer profissional de saúde pode acioná-lo. Cada caso é analisado para verificar se o atendimento domiciliar é de fato necessário e se é a melhor alternativa. Quando o paciente recebe alta do atendimento do Melhor em Casa, o caso é passado para a unidade básica de saúde de referência, que continua a fazer o acompanhamento de saúde.