Centro sem pressa

Várias ruas de Curitiba terão limite de velocidade reduzidos

Curitiba terá, até o fim do ano, novo limite de velocidade no anel central. A prefeitura ainda não definiu se o teto será 30, 40 ou 50 quilômetros por hora. A medida é o ponto central do projeto “Centro Acalmado”, com lançamento previsto para 18 de setembro. Desde a semana passada, contudo, a administração municipal tem usado seu perfil no Facebook para preparar a iniciativa, com mensagens que trazem a “hashtag” #descubra e o desenho de um polígono.

A forma geométrica compreende a área atingida pelo projeto. Seus limites são as ruas André de Barros/ Nilo Cairo, Francisco Torres, Luiz Leão (por trás do Passeio Público), Inácio Lustosa e Visconde de Nacar. Esta região concentra a maior parte dos atropelamentos em Curitiba tipo de acidente que causa mais mortes na cidade.

Marechal

Todas as vias dentro deste anel estarão sujeitas ao novo limite, o que inclui, por exemplo, o trecho de maior movimento da Rua Marechal Deodoro. A velocidade máxima é discutida entre o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) e a Secretaria Municipal de Trânsito (Setran).

Outras medidas implantadas

Com relação ao trânsito, estas não são as primeiras mudanças significativas que a prefeitura realiza em importantes ruas e avenidas da capital. Em julho de 2014 foi criada na Avenida Sete de Setembro a primeira “Via Calma” da cidade, para promover o compartilhamento da via entre motoristas, motociclistas e ciclistas. Desde então, os carros só podem circular pela avenida, a até 30 quilômetros por hora.

A partir de setembro do mesmo ano foi a vez dos ônibus terem prioridade. A circulação foi facilitada em algumas avenidas com faixas exclusivas. A primeira foi na Rua XV de Novembro, e, em março deste ano, na Avenida Marechal Deodoro e na Rua Desembargador Westphalen.

Ciclorrota

Também em março foi implementada ciclorrota que liga do Portão à Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), no Prado Velho, e à Avenida Comendador Franco (Avenida das Torres). Esta ciclorrota que conta com sinalização específica nas vias que a compõe, tem 6,2 quilômetros de vias compartilhadas por carros e bicicletas, com velocidade máxima permitida de 30 quilômetros por hora. Em junho deste ano foi entregue a segunda ciclorrota, na Vila Nossa Senhora da Luz, Cidade Industrial.

Velocímetro

O Ippuc defende limite único de 30 km/h, o mesmo da “Via Calma” da Avenida Sete de Setembro. A Setran é a favor de 40 km/h perto de escolas e 50 km/h nas ruas com corredor exclusivo de ônibus. A definição esfriou esta semana porque o presidente do Ippuc, Sérgio Póvoa Pires, está em viagem. O prefeito Gustavo Fruet (PDT) pediu que esse limite seja fechado nas próximas duas semanas, a tempo de organizar o lançamento para 18 de setembro, início da Semana Nacional de Trânsito.

Descartes

Estão totalmente descartadas no projeto a abertura de ciclorrotas ou vias calmas dentro do polígono. Haverá, no entanto, pelo menos uma intervenção voltada para o tráfego de bicicletas: adaptação nas calçadas da Mariano Torres, onde há ciclovia. A aposta do projeto é, com velocidade reduzida, tornar o trânsito mais amigável para pedestres e ciclistas. (KB e LMJ).

Claudecir: vai piorar. Foto: Paula Weidlich.

Mudanças dividem opiniões

As opiniões sobre o projeto “Centro Acalmado” são variadas. “Acredito que não mudará muito para os motoristas, já temos mui,to congestionamento, com muitos carros nas ruas. Já para os pedestres talvez fique mais seguro”, diz a promotora de vendas Edna Sônia de Oliveira, de 39 anos.

Já quem usa moto como ferramenta de trabalho pensa diferente. “Vai piorar o trânsito no centro. Já temos congestionamento o dia inteiro e o pessoal dificilmente consegue atingir a velocidade máxima das ruas. Para quem trabalha com a moto vai ficar difícil, não dá para ultrapassar um carro ou andar no corredor a 30 ou a 40 quilômetros por hora”, observa o motofretista Claudecir Rodrigues, de 28 anos.

Outro trabalhador concorda com o motociclista. “É bom deixar do jeito que está, porque senão vai diminuir ainda mais o fluxo do trânsito, as ruas vão ficar paradas. Acredito que mais câmeras poderiam evitar acidentes e flagrar quem corre ou fura o sinal”, opina o taxista Vilson Batista parreira, 50 anos.
Para o professor Carlos Góes, 35, pedestre e motorista, as mudanças são bem-vindas. “Vai ajudar muito. Vamos ter menos acidentes. Os motoristas não respeitam as faixas e os pedestres, especialmente aqui no centro”.

Edna: não muda muito. Foto Paula Weidlich

Internet

Na página da prefeitura no Facebook, os internautas também opinam: “Deve ser a ideia ‘super genial’ da Prefeitura de diminuir a velocidade no Centro para 30 km/h”, “Os ônibus das canaletas na região central também terão a velocidade reduzida? Morei anos na Mariano Torres e via muito mais acidentes com os abusados dos expressos e ligeirão do que com os outros veículos” são alguns dos comentários.

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