anjo da guarda

Mulher que luta pela vida recebe ajuda de empresário

A promotora de eventos Leli Lourenço Córdova ganhou mais um anjo da guarda, na semana passada. Chama-se Carlos, é engenheiro e mora num bairro nobre, ao norte de Curitiba. Ele leu as matérias publicadas na Tribuna, mostrando a batalha que Leli travou na Justiça, para conseguir do SUS um remédio de R$ 8.500 para controle do câncer. Ficou comovido com a última reportagem e deu a ela de presente mais uma caixa do Tarceva (cloridrato de erlotinibe) 250 mg. A promotora já estava há 15 dias sem tomar o medicamento, sentindo os incômodos do câncer e sem dinheiro para comprar outra caixa. O câncer dela não tem mais cura, apenas controle com a medicação.

Leli contou que o rapaz, que não tem mais que 30 anos, preferiu ficar no anonimato. “O que a gente faz de bom, só Deus pode agradecer”, disse o engenheiro, quando entregou o medicamento, embrulhado num papel de presente com laço de fita. A promotora contou que ele foi telefonando aos lugares onde ela trabalhou, até que alguém anotou o telefone do engenheiro para ela retornar a ligação. “Ele disse à secretária que tinha um presente pra mim e que eu ia gostar muito. Eu nunca que imaginei que fosse o remédio, até por causa do valor”, disse.

Surpresa

Leli telefonou ao rapaz, que continuou não dizendo o que era o presente, mas insistia em levar na casa dela. Leli ficou com um pouco de receio, afinal, era um estranho. Então, ao invés de dar o seu endereço, foi até a casa do rapaz, uma enorme residência, atrás de um restaurante. “Ele disse que já tinha lido as matérias desde o começo e comprou o Tarceva naquela época. Mas acabou deixando para ver o que ia acontecer no meu processo, até que leu a matéria da semana passada, mostrando meu desespero, sem dinheiro, sem remédio e sem decisão do juíz”, disse.

O homem convidou a promotora para entrar, mas ainda um pouco receosa, não aceitou. Foi quando ele trouxe a caixa de presente, justificando que leu nas reportagens que o aniversário de Leli tinha passado recentemente. Quando a paciente de câncer abriu, não acreditou que era o Tarceva. “Eu não sabia se chorava, se agradecia. Fiquei pasma, não sabia o que falar. Não sabia como reagir àquele gesto. Ele ainda disse que se acabasse, era para eu ligar de novo pra ele”, emocionou-se Leli. No outro dia, Carlos ligou logo cedo perguntando se ela já tinha tomado o medicamento e como estava se sentindo. A promotora relata que os sintomas ruins pararam de incomodar e já desinchou sete quilos.

Justiça

Agora Leli espera o desenrolar do processo na Justiça, que parece caminhar para um final. Todos os réus já entregaram as suas alegações finais. A juíza federal que assumiu o processo, Gisele Lemke, tem duas opções, analisar as alegações e solicitar mais alguma diligência de esclarecimento, ou já dar a sentença final. Mas, até que saia a decisão e ela determine quem dará o medicamento, isto ainda pode demorar mais algumas semanas. Mas graças ao anjo Carlos que apareceu na vida da Leli, essa espera será com vida.

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