Minha casa, meu drama!

Demora na entrega de obras é castigo para o bolso de quem compra

Futuros moradores dos condomínios residenciais Cedros e Figueiras, que têm 544 e 80 apartamentos, respectivamente, localizados no Santa Cândida, estão preocupados com o andamento dos trabalhos nos dois empreendimentos, que fazem parte do programa Minha Casa, Minha Vida. No final de junho, os proprietários foram avisados de que o prazo de entrega previsto pra agosto deste ano passou pra fevereiro do ano que vem.

A obra está 95% concluída, em fase de acabamento, mas de acordo com os compradores do imóvel, o ritmo de trabalho diminuiu desde que este estágio foi alcançado. “Está todo mundo na expectativa e não sabemos o que está acontecendo. A obra está parada há alguns meses e enquanto isso estamos pagando juros do financiamento”, afirma o analista de sistemas Paulo Ricardo Mayer, 34.

“Levaram dois anos pra fazer 95% da obra e mais seis meses pra terminar os 5%? É inviável”, questiona o corretor de imóveis Odival César Brand, 41, que também espera pela conclusão dos trabalhos no local. “Me falaram que falta pouca coisa pra ser feita”, diz ele que mantém contato direto com a construtora e, assim como outros compradores, acumula o pagamento do financiamento e do aluguel enquanto não muda pra casa nova.

Atenção com o contrato

Pra evitar transtornos inesperados, a orientação aos compradores é prestar atenção no contrato que será assinado, especialmente no que diz respeito ao prazo tolerado pra atrasos. “O comprador tem que ler atentamente o contrato e ver se ele é equilibrado, se ambas as partes têm os mesmos direitos e os mesmos deveres”, afirma a vice-coordenadora do Procon-PR, Maria Izabel Verni.

“É interessante que antes da assinatura do contrato já se estabeleça alguma garantia com relação ao atraso na obra e ter combinado se a construtora vai se responsabilizar pelo pagamento de aluguéis”, destaca Maria Izabel.

Problemas

Outra questão que deve receber atenção especial é o financiamento. Pra tentar fechar o negócio, muitas empresas afirmam que o financiamento do comprador já está garantido, o que nem sempre acontece. “Além disso, é interessante verificar se a construtora está regularizada e tem todas as certidões pra começar a obra, e também a se a prefeitura já deu a autorização pra construção”, orienta.

Problemas com incorporadoras e construtoras foram assunto de 470 atendimentos no Procon-PR apenas neste ano. Em 2014 foram 1.193 ocorrências. O não cumprimento do contrato está entre as principais queixas, com 426 registros.

Minha Casa, Minha Vida

Parte dos apartamentos foi vendida a pessoas que estão na fila da Cohab e os demais se enquadram nas faixas II e III do programa do governo federal, com juros mais baixos. Mayer conta que a negociação com a Cohab pra compra de um apartamento no Residencial Cedros começou em 2011, mas o contrato só foi assinado em 2013.

Neste período, conta, a construtora foi trocada e o valor passou de R$ 50 mil pra R$ 100 mil. “Agora está no valor de mercado, um pouco abaixo. Mas o que aconteceu em 2011 não tem o que fazer, a expectativa é estar no que é nosso”, diz.

Em nota, a Caixa Econômica Federal explicou que nas faixas II e III “a construção é de responsabilidade da construtora. O banco financiou a aquisição individual pros compradores mediante enquadramento de renda, sendo meramente o agente financeiro”.

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Desculpa não falta

Responsável pela obra dos dois empreendimentos, a Construtora FMM alega que problemas com chuva excessiva, demora na entrega de materiais e falta de mão de obra – especialmente no período do auge do mercado da construção civil em Curitiba – motivaram o atraso na entrega dos imóveis.

“Cada atraso lá atrás significa um atraso agora. Estamos trabalhando pra entregar antes de fevereiro”, afirma o gerente comercial da construtora, Victor Mendes. Ele garante que a obra não está parada, mas os trabalhos não são vistos por quem passa pelo local, principalmente porque a execução está na parte interna.

De acordo com Mendes, quando a obra chega a 95% de conclusão, a construtora só recebe os recursos da Caixa Econômica após a finalização dos trabalhos. “É nosso interesse entregar o empreendimento o mais rápido possível”, diz. Ele afirmou ainda que os compradores com direito a receber multas pelo atraso irão receber.

Parceria

Em nota, a Cohab também informou que restam apenas os acabamentos internos, além da implantação das redes externas. “Porém, pra entregar os imóveis às famílias contempladas é necessário concluir a pavimentação de um trecho de 400 metros da rua que dá acesso ao conjunto, a Alberto Otto”, diz o texto. Pra isso, deve ser realizada uma parceira junto à Secretaria Municipal de Obras Públicas e a previsão é que toda a pavimentação fique pronta até a entrega das chaves, em fevereiro de 2016.

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