Também no banco de trás

Morte de Cristiano Araújo e namorada reforça importância do cinto no banco traseiro

O cantor Cristiano Araújo e sua namorada, Allana Moraes, estavam num automóvel considerado um dos mais seguros do mundo, a Range Rover, e trafegando numa rodovia considerada boa. Mas isto não foi suficiente pra evitar a morte do casal, já que eles provavelmente não usavam cinto no banco traseiro.

Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE) revelou que 79,4% dos brasileiros possuem o hábito de usar o cinto nos bancos da frente. Nos assentos traseiros, este costume cai pra 50%.

Especialistas em trânsito dizem que andar no banco traseiro é mais seguro que na frente. No entanto, se o passageiro não estiver usando os cintos atrás, o risco de se machucar ou morrer num acidente é maior do que estar no banco da frente. Esta comparação está na página do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).

Um estudo da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) mostra que o cinto de segurança no banco da frente reduz o risco de morte em 45% e, no banco traseiro, em até 75%.

Teimosos

A pesquisa do IBGE abrangeu várias faixas etárias. O grupo mais jovem, dos 18 aos 29 anos, é o que menos usa cinto no banco de trás (40,3%). O percentual sobe pra 49,8% na faixa etária de 30 a 39 anos. Entre 40 e 59 anos, chega a 54,3%, e atinge 57,8% entre os maiores de 60 anos. De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), uma a cada cinco lesões em acidentes ocorrem porque os ocupantes do veículo bateram-se uns contra os outros.

Várias colisões num acidente só

Em estudo apresentado num seminário do Denatran, em 2010, mostra que existem três diferentes tipos de colisões em um impacto veicular. O primeiro é do veículo batendo contra um obstáculo – o acidente, propriamente dito. O segundo é quando o ocupante do carro bate seu corpo contra partes internas do veículo. O motorista sem cinto, por exemplo, pode bater o peito no volante e a cabeça no vidro. Se estiver de cinto, bem provavelmente baterá a cabeça somente no volante, impacto que pode ser evitado caso o veículo tenha airbag. Mas, na comparação entre os dois itens de segurança, o cinto é 90% mais importante e não pode ser substituído pelo airbag.

Já o terceiro tipo de colisão é dos órgãos internos do corpo humano contra a própria estrutura óssea, como por exemplo, o cérebro contra o crânio, o pulmão e/ou coração contra a caixa torácica, etc. Nesses casos, o uso do cinto salva vidas porque além de absorver o impacto, distribui o restante da “pancada” pelos pontos mais fortes do corpo, evitando lesões internas.

O estudo ainda ressalta que o cinto de segurança evita que a pessoa seja arremessada pra fora do carro. A chance de sobreviver num acidente é cerca de cinco vezes maior se a vítima permanece dentro do automóvel.

Não usar é perigo pra todos

Um vídeo da ONG Observatório Nacional de Segurança Viária mostra como é a dinâmica de passageiros sem cinto no banco de trás, durante um acidente. Se o veículo estiver a 60 quilômetros por hora e bater contra um muro, por exemplo, um passageiro sem cinto no banco de trás e que pesa cerca de 60 quilos é arremessado a um peso 15 vezes maior que o seu, ou seja, vira um objeto de quase uma tonelada. “É como levar um elefante no banco de trás”, analisou José Aurelio Ramalho, diretor-presidente da ONG.

A pancada também faz com que esta pessoa seja arremessada em duas direções: pra frente e pra cima. Assim, ela corre o risco de bater a cabeça no teto, dobrar o pescoço pra trás e causar uma flex&atild,e;o extrema na coluna cervical, lesão que pode paralisar várias partes do corpo pra sempre, se não levar à morte.

Com todo este peso arremessado pra frente, o passageiro sem cinto no banco de trás pode até matar o motorista ou passageiro do banco da frente, ao impactar com eles. Este passageiro traseiro ainda pode bater em diversos outros objetos dentro e fora do carro, causando diversas fraturas e rompimento de veias importantes do corpo. Estas foram as prováveis causas da morte do cantor sertanejo e sua namorada.

Clique aqui para ver o vídeo do Observatório Nacional de Segurança Viária.