Inusitado

Uruguaia que tem um cachorro chamado Neymar protesta na frente do consulado de seu país

Acampada em uma barraca na frente de um prédio comercial no centro de Curitiba, onde funciona o consulado do Uruguai, a uruguaia Monica Graciela Costa Gomez, 43 anos, protesta pelo direito de rever os quatro filhos. Com cartazes e mordaças na boca e nos punhos, ela quer chamar a atenção do cônsul para conseguir voltar ao país de origem e dizer aos filhos que não os abandonou.

Monica diz que deixou o Uruguai pela primeira vez há 14 anos, depois de ter sido presa e torturada. Ela veio ao Brasil e deixou os filhos, hoje com 26, 24, 17 e 11 anos, no país de origem. Há cerca de quatro anos, voltou para lá, onde teria sido internada em um manicômio de forma involuntária. Quando conseguiu sair, veio novamente ao Brasil, e afirma que aqui se sente em casa, mas gostaria de rever os filhos e lhes dizer que foi obrigada a deixá-los.

“Não tenho mais nada a perder, daqui eu não saio até que consiga ir falar com meus filhos com a garantia de que vou voltar ao Brasil com vida”, afirmou. Na barraca instalada na Alameda Carlos de Carvalho, Monica tem a companhia de Neymar, um vira-lata. Ela estendeu um varal com algumas roupas e cercou o espaço com papelões com frases que falam em justiça e dor para chamar atenção. A uruguaia contou que costuma morar em um hotel próximo ao Largo da Ordem e que trabalha como artista de rua.

De acordo com o cônsul do Uruguai, Joaquim Pires, Monica foi recebida já no primeiro dia que chegou e acampou em frente ao consulado. Ele contou que ela não existem registros no Uruguai das ameaças sofridas por ela. Segundo Joaquim, logo que foi recebida, foram feitas algumas documentações como o RG uruguaio e um atestado de antecedentes, para que ela decida que rumo irá tomar. “Mas cabe a ela decidir. Se ela quiser voltar para o Uruguai, pagamos o ônibus. Caso ela queira ficar no Brasil, ela mesma precisa dar entrada na cidadania. Vamos ajudar, mas não temos como fazer isso por ela”, explicou. 

Sobre a guarda da filha mais nova, o cônsul disse que ela realmente a perdeu, por registros de violência doméstica, segundo as informações de lá do Uruguai. Mas o ex-marido teria deixado um número de telefone para contato caso quisesse conversar com a menina. 

“Um problema difícil de solucionar, porque não é um problema real. Acreditamos ser algo da cabeça dela. Mas estamos disponíveis a atendê-la sempre que precisar de nós”, disse Joaquim. No Uruguai, Monica disse que foi internada em um instituto para desintoxicação. “Mas aqui no Brasil, se ela não quiser ser internada, não é possível que a internemos”.