indefinição

Estado quer mais tempo para data-base dos professores

A primeira reunião oficial entre governo do Paraná e sindicatos de servidores públicos estaduais, realizada nesta terça-feira (5) em Curitiba, influenciou na decisão dos professores em manter a paralisação e outras categorias agora ameaçam engrossar a greve. Na avaliação de sindicalistas, a reunião de quase duas horas foi “tensa”. Já a secretária de Administração e Previdência, Dinorah Nogara, em entrevista logo após a reunião, garante que o canal de diálogo foi restabelecido. “Eu sinto que eles têm muita mágoa, muito ressentimento”, disse ela.

A reunião começou por volta das 11 horas, a portas fechadas, no Palácio das Araucárias, logo depois do ato em apoio aos professores realizado entre a Praça 19 de Dezembro e o Palácio Iguaçu. No encontro, a data-base era o principal item da pauta, organizada pelo Fórum Estadual dos Servidores (FES), que reúne cerca de 20 sindicatos de funcionários públicos. Do outro lado, além da secretária Dinorah, o governo estadual resolveu convocar o assessor especial para Assuntos Fundiários, Hamilton Seriguelli, que é ligado a movimentos sociais. “Tem que acalmar todos os lados. Estamos jogando água para poder ajustar todo o processo, aparar as arestas. Jogando gasolina não vamos resolver”, disse ele à reportagem.

De acordo com a secretária Dinorah, o Executivo ainda aguarda a conclusão de um estudo da Fazenda para apresentar uma proposta final sobre o índice de reajuste salarial e também sobre de que forma ele será aplicado. Uma nova reunião com o FES foi marcada para a próxima terça-feira (12), quando a Fazenda já deve ter em mãos dados sobre o comportamento da receita.

Questionada se haveria risco de o governo estadual não conseguir pagar nem mesmo a correção inflacionária, a secretária Dinorah disse que “não tenho como me precipitar”. “Eu diria para você que essas informações estão sendo analisadas”, esquivou-se. Ela lembrou, contudo, que nas peças orçamentárias do Estado o índice previsto de reajuste salarial é de 5%, número inferior ao IPCA, em torno de 8%, que é levado em consideração pelos servidores na mesa de negociação. “Nós ainda vamos apresentar um índice aos servidores e também ao governador Beto Richa, porque é uma decisão política também, não só financeira”, antecipou.

Para o FES, as negociações já estão atrasadas. Como a data-base é 1.º de maio, os servidores querem que o reajuste anual seja aplicado já no salário recebido no final do mês. Mas, para a secretária, a negociação está apenas no começo. “A Fazenda ainda está fechando os números do ICMS sobre este primeiro quadrimestre”, comentou ela.

De acordo com Hermes Leão Silva, presidente do sindicato dos educadores, a indefinição da data-base da categoria foi determinante para o posicionamento favorável à manutenção da greve. Durante a assembleia geral que deliberou sobre os rumos da paralisação, Silva apresentou o desfecho da reunião realizada horas antes. “Nós não vamos aceitar nada que seja inferior ao índice dos últimos 12 meses de inflação, que deve ficar em 8,2%. E esse reajuste deve ser pago em cota única, como estabelece a legislação. Precisamos continuar em greve para pressionar o governo por esse avanço”, disse ele.