Saúde Mental

Curitiba ganha ambulatório especializado em autismo

Associações e familiares de pessoas com autismo estiveram na manhã desta terça-feira (1º) no ambulatório Enccantar, que é direcionado ao atendimento de crianças e adolescentes com autismo e de outros que tenham sofrido algum tipo de violência. Com faixas, cartazes, flores e balões azuis, as famílias enfeitaram a fachada do espaço, ato que faz parte de um conjunto de ações para a semana em que é celebrado o Dia Mundial de Conscientização pelo Autismo, 2 de abril. Também foram enfeitados de azul o Centro Conviver, especializado em autismo, e o Centro de Neuropediatria (Cenep) do Hospital de Clínicas, onde profissionais de diversas áreas da Saúde atendem pacientes com autismo duas vezes por semana de forma voluntária.

O psicólogo e coordenador do Enccantar, Eduardo Cassanha de Oliveira, explica que desde que foi aberto, no fim do ano passado, o ambulatório tem aumentado os atendimentos aos poucos e que, no local, funciona o atendimento a três tipos de casos, cada um deles com profissionais e horários específicos. “Temos a frente que atua com o autismo, a outra é ambulatório geral, que atende a todo tipo de sofrimento psíquico juvenil e a última frente é a de crianças que estão dentro do radar da rede de proteção que sofreram algum tipo de abuso ou violência.” A equipe que atende os casos de autismo é composta por neuropediatra, psiquiatra, psicóloga, psicopedagoga, fonoaudióloga e terapeuta ocupacional.

Em Curitiba, familiares de pessoas com autismo que buscam a rede pública podem ser encaminhadas pelas unidades básicas de saúde para o Enccantar ou para os Centros de Atenção Psicossocial Infatil (Caps Infantil), sendo que a diferenciação ainda está sendo discutida, mas se dá basicamente pela idade ou pela necessidade do caso. “O ambulatório é novo, então trouxe a questão de discutir que casos são de ambulatório e que casos são de Caps Infantil. Mas uma questão definida é que o Caps serve para situações de crise, com certeza ambulatório com a atual configuração não tem recursos ou profissionais suficientes para atender situações de crise. E aqui o foco é nas crianças pequenas, abaixo de quatro anos”, afirma.

A dentista Renata de Almeida Freire Coutinho conta que desde que houve a suspeita do autismo da filha Luisa, quando a menina tinha quase dois anos, tem buscado tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Depois de meses aguardando e cobrando atendimento, recebeu a resposta de que ela poderia ser atendida no Enccantar. Hoje, com sete anos, Luisa tem acompanhamento uma vez por semana com a fonoaudióloga do ambulatório. Os outros profissionais ainda devem ser buscados pela família na rede particular.

Reconheça o autismo

O que é autismo?

É um transtorno do desenvolvimento, chamado de Transtorno do Espectro Autista (TEA), cujos sinais surgem antes dos três anos de idade. Os três principais sintomas são: problemas com a linguagem, na interação social e no comportamento (que é restrito e repetitivo).

Incidência

O autismo atinge mais os meninos, com uma proporção de cerca de cinco casos entre eles para um entre meninas. Estima-se que, em cada 65 nascimentos, ao menos um bebê apresente algum grau de autismo.

Diagnóstico

A identificação precoce precisa ser feita o mais depressa possível para que crianças com autismo possam ter acesso a ações e programas de intervenção com melhores resultados. Os casos em que há suspeita de autismo na infância devem ser analisados principalmente por neuropediatras ou psiquiatras infantis.

Sinais

Confira características comuns em crianças com autismo:

Motores:

– Correr de um lado para o outro, bater palmas ou chacoalhar as mãos para cima e para baixo (movimento chamado de flapping).

– Têm ações atípicas repetitivas, como, alinhar/empilhar brinquedos, observar objetos aproximando-se muito deles, prestar atenção exagerada a certos detalhes de um brinquedo;

– Dificuldade de se aninhar no colo dos cuidadores ou extrema sensibilidade em momentos de desconforto.

Sensoriais:

– É comum o hábito de cheirar ou lamber objetos; sensibilidade exagerada a determinados sons (como liquidificador ou secador de cabelos), insistência visual em detalhes de objetos ou naqueles que têm luzes que piscam e/ou emitem barulhos, bem como nas partes que giram (como ventiladores).

Rotinas:

– Há tendência a rotinas ritualizadas e rígidas e as mudanças podem desencadear crises de choro, gritos ou manifestações intensas.

– Algumas crianças, por exemplo, só bebem algo se usarem sempre o mesmo copo; outras exigem que os alimentos estejam dispostos no prato sempre da mesma forma. Ou querem sentar-se sempre no mesmo lugar ou assistir apenas a um mesmo DVD.

Fala:

– Muitos repetem palavras que acabaram de ouvir, imitam falas ou “slogans/vinhetas” que ouviram na televisão sem sentido contextual.

– Pode haver características peculiares na entonação e no volume da voz.

– Algumas crianças com autismo deixam de falar e perdem certas habilidades sociais já adquiridas entre um e dois anos de idade de forma gradual ou súbita.

– Dificuldade de encontrar formas de expressar diferentes sentimentos, preferências e vontades.

Fonte: União de Pais pelo Autismo (Uppa) com Manual de Diretrizes de Atenção à Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA), do Ministério da Saúde. Com informações de Adriana Czelusniak, da Gazeta do Povo.