Saúde doente

Servidores não aceitam proposta e greve na saúde de Curitiba continua

A prefeitura de Curitiba não conseguiu chegar a um acordo para encerrar a greve dos servidores da saúde, deflagrada ontem. As propostas colocadas na mesa de negociações não foram consideradas suficientes pelos grevistas, que decidiram manter a paralisação.

O principal entrave, segundo Ana Paula Cozzolino, coordenadora geral do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc), é a falta de credibilidade da administração municipal, que já não teria cumprido acordo anterior, relativo ao pagamento do retroativo do piso salarial. A prefeitura anunciou que irá descontar os dias não trabalhados dos salários dos servidores que aderiram à greve.

O novo salário dos quase 7,5 mil servidores da saúde entrou em vigor em dezembro do ano passado, mas, desde então, o reajuste não caiu no contracheque dos trabalhadores. A primeira greve por causa dos atrasos foi deflagrada em fevereiro. Naquele mês, os servidores ficaram dois dias de braços cruzados, encerrando a greve com a promessa de que o pagamento retroativo seria efetuado no dia 25 de março, o que não aconteceu.

Agora, a prefeitura propõe que o pagamento seja feito no dia 10 de abril. Na reunião da semana passada, a data proposta era 17 de abril. “A partir do momento que o dinheiro cair na conta, nós podemos voltar ao trabalho. A prefeitura não tem mais credibilidade”, afirma Ana Paula. A soma do pagamento, segundo a prefeitura, representaria cerca de R$ 5 milhões.

A prefeitura ainda se compromete a pagar, também em abril, o restante das horas extras devidas aos servidores. Cerca de 60% das horas extras do ano passado não foram pagas.

Mobilização

Os grevistas devem fazer hoje uma nova mobilização. O encontro dos servidores está marcado para as 9h, em frente ao prédio da prefeitura. Ontem, os servidores fizeram uma passeata durante a manhã, da Praça Santos Andrade até o Centro Cívico.

Ao menos 20% devem trabalhar

Prefeitura e grevistas apresentaram ontem números diferentes sobre o atendimento ao público nas 109 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e nas nove Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da cidade. Pelo acordo, os grevistas devem manter, durante a paralisação, ao menos 20% de trabalhadores atuando em todas as UBSs e ao menos 12 profissionais em todas as UPAs.

Para a prefeitura, os grevistas não cumpriram o acordo. Já o Sismuc sustenta que a categoria se organizou para obedecer a escala mínima de trabalho. Ao todo, entre médicos e enfermeiros, são 7,5 mil servidores municipais da saúde.

No primeiro dia de greve, alguns hospitais da cidade já sentiram uma procura maior por atendimento. No Hospital Pequeno Príncipe, houve registro de espera de até 8 horas por atendimento. No pronto-socorro do Hospital do Trabalhador, o aumento foi de cerca de 10%.

A Secretaria Municipal de Saúde orienta que, em casos menos graves, que não representem risco, o público não vá às unidades municipais, para que se dê prioridade aos atendimentos de urgência e emergência. Normalmente, cerca de 80% dos atendimentos feitos nas unidades municipais, segundo a pasta, não são de casos graves.