Gangues da dinamite

Paraná é o terceiro estado em explosões de caixas eletrônicos

O Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região organizou um ato em protesto à morte do segurança Adilson Aparecido Gonçalves, 30 anos, que levou quatro tiros em uma tentativa de assalto ao Bradesco em que trabalhava, na Rodovia da Uva, em Colombo, na manhã desta quarta-feira (25).

De acordo com o secretário de Comunicação do sindicato, Carlos Henrique Machado, a situação dos vigilantes está cada vez pior e comprometida pela falta de segurança pública. “Sabemos que é um problema geral, mas é uma tragédia anunciada. Dessa vez, infelizmente, morreu um segurança, mas daqui a pouco pode ser um funcionário ou até mesmo um cliente”, alertou.

Os trabalhadores pedem, ainda, maior participação na discussão sobre a Força-Tarefa para combater os ataques a agências e caixas eletrônicos, realizada pela Secretaria de Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária do Paraná (SESP-PR). Com a frequência dos ataques aumentando, as empresas estão retirando os caixas eletrônicos de suas dependências, o que leva a uma migração para as próprias agências bancárias.

“Hoje, o vigilante hoje é o escudo da agência. Os bandidos chegam com artilharia pesada – muitas vezes com explosivos e armas de guerra, que deveriam estar em poder das Forças Armadas – e quem tem que enfrentá-los são os vigilantes, sozinhos”, afirma João Soares, presidente do Sindicato do Vigilantes de Curitiba e Região.

O sindicato também pede por uma fiscalização maior sobre o transporte e a distribuição desses explosivos, assim como um controle mais efetivo da localização e armazenamento das armas do Exército e da polícia. Além disso, cinco agências bancárias já foram fechadas esse ano, em Curitiba e Região, por apresentarem defeito na porta com detector de metais.

Em 2014, o estado passou do 4.° lugar para o 3.° no ranking geral de ataques a bancos no país. (Foto: Colaboração/Marcela Alberti)

Números

A 8.ª Pesquisa Nacional de Ataques a Bancos, realizada pelo Contraf-CUT e Federação dos Vigilantes do Paraná e apoiada pelo Sindicato do Vigilantes de Curitiba e Região, indica que houve um aumento dessas ocorrências no Paraná.

Em 2014, o estado passou do 4° lugar para o 3° no ranking geral do país, com um aumento de 67% se comparado com o ano anterior, com cerca de um ataque por dia. Em 2015, a situação se agrava, apesar da força-tarefa realizada pela SESP. De acordo com o sindicato, já foram registradas 81 ocorrências, somente no primeiro trimestre.

Os cerca de 30 vigilantes ficaram por quase duas horas em frente à Praça Santos Andrade, como forma de pedir por mais segurança e atenção da Secretária de Segurança Pública do Paraná. Eles não descartaram que, nos próximos dias, deem início a um movimento de greve, com paralisação de até dois dias. “Dizemos não à proteção do dinheiro e sim à preservação da vida”, desabafa, em nota oficial, o Sindicato do Vigilantes de Curitiba e Região.