Transporte coletivo

Na última hora, usuários têm dificuldade em carregar cartões

Basta ficar alguns minutos em uma das bancas de jornal da Praça Rui Barbosa, ou de outros pontos centrais de Curitiba, para descobrir que não está fácil comprar os créditos para abastecer o cartão transporte. A correria acontece porque a partir desta sexta-feira (1°) 66 linhas de ônibus não aceitarão mais dinheiro para o pagamento da passagem. O problema é que somente nesta quinta-feira (31) a Urbanização de Curitiba S/A (Urbs), responsável por gerir o sistema de transporte na capital, liberou a venda das passagens nas bancas cadastradas.

Marciane Pavani, proprietária de uma das bancas da Praça Rui Barbosa, afirmou que antes do meio-dia já não era mais possível encontrar créditos. “Comprei R$ 1 mil pela manhã e se esgotou rapidinho”, disse. Apesar da grande procura, a comerciante reclama da comissão repassada pela Urbs. “Nós recebemos somente R$ 1 por recarga, não importa o valor que o cliente compre”, comentou Pavani.

Já José Autenísio, que possui uma banca na Praça Carlos Gomes, afirmou que a única vantagem de se vender os créditos da Urbs é ter o cliente dentro da loja. “O meu lucro é quase zero. Tem que torcer para que o cliente leve uma balinha também”, comentou o comerciante que era o único a ainda ter créditos à venda. “Fui buscar três vezes hoje e se precisar vou novamente”. De acordo com o comerciante, até às 15h, ele já havia vendido mais de 300 passagens.

Limitação

Os passageiros que pensam em conseguir recarregar o cartão-transporte e garantir as passagens para o mês todo de uma só vez já podem ir desistindo da empreitada. Segundo a Maria Martins, dona de uma banca na Praça Rui Barbosa, os comerciantes receberam orientação da própria Urbs para que somente cargas de 25 créditos sejam efetuadas.

Ciciro Back
Autenísio acredita que recargas podem aumentar a clientela da banca.

Marciante também comenta a questão. “Se eu compro R$ 1 mil reais por dia, e para isso preciso ir até à Urbs, mas se chegar um cliente e pedir R$ 500 em passagens eu vou lucrar somente R$ 2 naquele dia”, disse.

O assunto é polêmico entre os donos de banca de jornal, que também não gostaram da ideia de que primeiros eles precisam pagar as passagens para depois revendê-las. “O investimento é um contratempo. Tem que pagar primeiro e depois vender. Ainda não sei se vale a pena”, disse.

A Urbs, no entanto, nega que tenha dado tal orientação para os donos de bancas de jornais. De acordo com a assessoria de imprensa da autarquia, somente os cartões avulsos possuem limitação de recarga em 25 créditos. Já os cartões transporte contam com limitação de 220 créditos. Com a renovação do sistema, a Urbs pretende retirar de circulação mais de R$ 75 mil em dinheiro dos ônibus de Curitiba.

Cobrança

Um passageiro que preferiu não se identificar colocou outra questão em pauta. Atualmente, a passagem custa, em dias normais, R$ 2,70, no entanto, como o débito do cartão é efetuado por meio do desconto do valor da tarifa, quando a passagem for reajustada o usuário do transporte coletivo que pagou o valor antigo terá o tarifa reajustada debitada de seu cartão.

Sem cartão

A partir desta sexta-feira, quem ainda não possui o cartão-transporte não poderá embarcar nas 66 linhas que não possuem cobrador. A medida é uma forma de atender à determinação da Justiça que não permite a dupla função de motoristas do transporte coletivo.

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