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Taxistas de Curitiba aprovam aplicativos e criticam URBS

Os recentes casos de notificações por parte da Urbs a taxistas que usam aplicativos de celular para atender clientes têm gerado grande discussão entre as partes envolvidas. A própria Urbs, que administra o transporte público em Curitiba, alega que é preciso um cadastro, exigido em lei municipal, para permitir a liberação das operações deste tipo de serviço. Já as empresas que desenvolvem o aplicativo afirmam que oferecem um produto que não está previsto na legislação vigente.

Enquanto a discussão ocorre, os motoristas de táxi se colocam a favor da utilização dos aplicativos de celular e afirma, que grande parte dos taxistas já usa este serviço para atender a clientela. “É muito mais prático, rápido e eficiente. Além disso, não custa nada para o passageiro e nem para nós motoristas, que temos que pagar uma nota para os rádios taxi. Alguma coisa estranha está acontecendo para essa notificações começarem a acontecer pela cidade”, afirma um taxista, que preferiu não se identificar.

Outro motorista, que também não quis revelar sua identidade, afirma que a Urbs está protegendo as empresas de radiotáxi. “Não tem outra explicação. Os aplicativos ajudam todos os envolvidos no processo e o mais beneficiado é o passageiro, que terá o táxi à disposição muito mais rápido. Então por que motivo tentar impedir o uso de uma ferramenta que deixa o serviço melhor? Essa é a pergunta que fica no ar”, questiona o motorista.

Para Abimael Mardegan, presidente do Sinditaxi, os aplicativos são um caminho sem volta para a classe. “Hoje um taxista é obrigado a pagar de R$ 700 a R$ 1 mil de rateio para uma empresa de radiotáxi e, com os aplicativos, todo o processo funciona de graça. Além disso, o serviço fica muito mais rápido e seguro, tanto para os passageiros quanto para os motoristas. Não tem como comparar”, afirma.

Urbs procura empresas

A Urbs informou que está entrando em contato com os desenvolvedores de aplicativos voltados aos usuários de táxi com objetivo de incentivar o cadastro imediato. O órgão também afirma que está aberto à discussão sobre alterações no regulamento e ressalta que sem a regularização, o usuário não terá a quem recorrer em caso de enfrentar problemas com o táxi chamado ou ter seu endereço passado a quem não seja taxista. A Urbs ainda alerta os taxistas que utilizam aplicativos de empresas não cadastradas estão sujeitos a penalidades previstas na lei de regulamentação da atividade em Curitiba. Uma vez notificado, o taxista é alertado de que está incorrendo em infração que poderá resultar em multa.

“Ação de protecionismo”

A Easy Taxi, uma das empresas que oferecem o aplicativo para telefones celulares, informou em nota que é uma empresa de tecnologia que oferece um serviço de marketplace – local onde se faz comércio de bens e serviços – e que tanto taxistas quanto passageiros são clientes. A nota ainda ressalta que a Easy Taxi enxerga a exigência de cadastro como uma ação de protecionismo que impede o desenvolvimento de soluções inovadoras para esse modal de transporte.

Com relação à segurança, o texto informa que todos os taxistas que entram na base de dados passam por um processo rígido de cadastro. A empresa afirma que está aberta ao diálogo com a Urbs, mas reitera que não concorda com a necessidade do cadastramento como uma companhia de táxi comum.

Centrais dizem que é arriscado

Já as radiotáxis não estão gostando da concorrência com os aplicativos terceirizados. Cobram a regularização destas empresas perante a Urbs e alegam que o usuário está exposto a riscos. “N,osso medo é que isso se transforme em um mecanismo de transporte clandestino, como aconteceu em São Paulo e no Rio de Janeiro”, diz Carlos Felber, presidente da Associação de Radiotáxis de Curitiba e Região Metropolitana.

Segundo ele, houve até um caso de sequestro-relâmpago na capital em que a vítima chamou um “táxi” por aplicativo. “Chegou um carro laranja no endereço, e só depois o cliente viu que não tinha taxímetro”, exemplifica, citando que em dois dias é possível plotar um carro de laranja com o xadrez.

“Hoje qualquer pessoa confia em mandar uma criança de 5 anos para escola pelo radiotáxi. Se perder um celular dentro do carro, é imediatamente localizado. Todos os nossos carros são rastreados. Queremos que estas empresas de aplicativos se regularizem, tenham controle onde estão os carros, pois do jeito que está colocam em risco a segurança da população e denigrem a imagem da nossa categoria”, avalia Felber.

Várias centrais curitibanas já oferecem aplicativos próprios para os clientes chamarem táxis. Em três meses todas contarão com o serviço. “Hoje as empresas terceirizadas não cobram nada do taxista por não ter uma grande clientela, mas no futuro planejam cobrar”, aponta. Dos 2.200 táxis de Curitiba, 1.800 são cadastrados em radiotáxis, o que não impede os motoristas de pegarem corridas direto de pessoas físicas. Felber nega debandada de taxistas das centrais em decorrência dos aplicativos de terceiros.