Superação e garra

Homem com paralisia cerebral conta sua história

Ser portador de paralisia cerebral é sentença para se levar a vida completamente dependente dos outros e sem conquistas próprias. Certo? Errado! Para o contador Mauro Sérgio Langowski, de 37 anos, a afirmação é totalmente falsa e prova isto contando sua história de vida. Ele não só estudou, conquistou sua casa própria e se formou bacharel em Ciências Contábeis, como ganhou o 2.º lugar num prêmio científico do Conselho Estadual de Contabilidade.

Mauro tem paralisia cerebral de nascença, por problema no parto. Ele conta que viveu até os 21 anos em casa, numa colônia polonesa em Colombo, sob os cuidados da família, até que conheceu um grupo de amigos portadores de deficiência. Os amigos lhe mostraram que a vida de uma pessoa especial pode ter novos horizontes e o estimularam a estudar. Através de curso supletivo, fez os ensinos fundamental e médio e, no dia que pegou o diploma, já tinha sido aprovado no vestibular da Facinter para o curso de Ciências Contábeis. Fez o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e conseguiu bolsa de estudos para custear a faculdade.

Por causa da deficiência, Mauro tem problemas na fala e anda de cadeira de rodas. Mas recebeu o apoio e o carinho de muita gente. Fez trabalhos e provas orais e, depois de quatro anos e meio de muita batalha, se formou com louvor no dia 30 de abril. Tirou nota 9,6 no seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), o que levou a coordenadora do curso, Viviane da Costa Freitag, a inscrever o trabalho num prêmio anual do Conselho Estadual de Contabilidade. O trabalho ficou tão bom que Mauro ficou entre os 20 finalistas e conquistou o segundo lugar.

Dificuldades

Mauro nunca andou e depende de cadeira de rodas para se locomover. Na época em que ainda fazia faculdade, apesar de já ter comprado sua casa no Tatuquara, teve dificuldades para andar pelas ruas esburacadas e sem asfalto, o que resultou na quebra de algumas cadeiras. Para evitar o deslocamento tão longo e os consertos e compras de novas cadeiras, conseguiu um quarto na Casa do Estudante Universitário (CEU), onde morou até o final do curso universitário.

Mauro se orgulha em fazer quase tudo sozinho. As poucas coisas que ele não consegue fazer são comer sozinho, escrever usando caneta e fazer a barba. “O resto eu faço tudo sozinho, sem a ajuda de ninguém”, disse o contador.