Relatório

Gastos com a Copa em Curitiba não são transparentes

Os gastos de Curitiba com as obras da Copa do Mundo do ano que vem ainda não são totalmente transparentes, segundo um relatório de indicadores de transparência apresentado pelo Instituto Ethos, nesta terça-feira (5), durante a programação do Fórum Transparência e Competitividade, promovido pelo Sistema Fiep e pelo Instituto das Nações Unidas para Treinamento e Pesquisa (Unitar). Em um levantamento feito em 2012, por meio do projeto Jogos Limpos, dos 100 pontos possíveis sobre o grau de transparência, Curitiba obteve apenas 15,24.
 
“Essa pontuação se deve à falta de uma sala física de transparência, dificuldade de localizar as informações no site, portal com difícil navegabilidade, inexistência de audiências públicas e sem uma ouvidoria institucionalizada”, explica Angélica Melo, coordenadora nacional do projeto Jogos Limpos, do Instituto Ethos e uma das participantes da segunda mesa do debate.
 
A ideia do diálogo foi aproximar sociedade, governo e academia para debater os pontos positivos e negativos do mega evento esportivo e como está a transparência dos gastos com as obras em Curitiba. Participaram da primeira mesa, mediada pelo jornalista Wilson Soler, “Qual o legado que a Copa do Mundo deixará para Curitiba e para o Paraná”, o vice-presidente da Fiep, Hélio Bampi; o Secretário Extraordinário para a Copa do Mundo em Curitiba, Reginaldo Cordeiro; a professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Olga Firkowski, e o vereador e presidente da Comissão Especial para Assuntos da Copa, Paulo Rink.
 
A preparação de Curitiba – Uma das discussões levantadas durante o debate foi a instituição de feriados em dias de jogos na Curitiba. O vice-presidente da Fiep, Hélio Bampi, explicou que os feriados prejudicam o andamento da economia da cidade. “As indústrias podem sair perdendo com isso, atrasando os prazos de entrega e a linha de produção; os colaboradores podem assistir aos jogos nas fábricas”, defende.
 
Para a professora da UFPR, Olga Firkowski, as pessoas não estão tendo nenhuma participação na escolha das obras que são feitas na sua rua, do lado da sua casa. “O legado a gente só tem condições de discutir depois no futuro, o que vai ficar e o que ainda está relacionado com o evento”, questionou.
 
Reginaldo Cordeiro, secretário especial para a Copa, explicou que alguns contratos foram deixados pela gestão anterior da prefeitura e que foi criada uma comissão para acompanhar a transparência com os gastos na cidade. “O site contém o cronograma físico-financeiro das obras. Os números que temos nós divulgamos, mas não temos 100% das informações”, explica.
 
O vereador Paulo Rink elogiou a oportunidade de poder discutir o assunto com a sociedade. “O protesto deve ser feito dessa forma, com debate e questionamentos; não adianta querer esconder a cara”, disse.
 
Fiscalização e controle – O tema da segunda mesa de debate foi “Como está a transparência na prefeitura de Curitiba e Governo do Paraná para a Copa do Mundo?”. Participaram do bate-papo o vice-presidente da Fiep, Hélio Bampi; a coordenadora do projeto Jogos Limpos, Angélica Melo e os analistas de finanças e controle da Controladoria Geral da União (CGU) do Paraná Anderson da Silva Sanches e Eduardo De Biaggi.
 
O Instituto Ethos lançou o projeto ‘Jogos Limpos Dentro e Fora dos Estádios’, em 2010, para ampliar a fiscalização dos investimentos governamentais, aumentar a integridade nas relações público-privadas e fortalecer o controle social das cidades sede da Copa do Mundo. As cidades tidas como referência na transparência dos gastos, com média de 75 pontos, são Porto Alegre e Belo Horizonte. Curitiba ficou bem abaixo da média. “Ainda há a necessidade do detalhamento das informações no portal de Curitiba. Uma simples vírgula é um artifício para q,ue o preço mude”, questionou Anderson Sanches, analista da CGU/PR.

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