A polêmica em relação ao feriado da Consciência Negra deve durar até as vésperas de 20 de novembro. Aprovado no início do ano pela Câmara de Curitiba, o dia de folga na data que celebra Zumbi dos Palmares é contestado pela Associação Comercial do Paraná (ACP). Ação movida pela entidade deve ser julgada pelo Tribunal de Justiça dias antes do feriado.
Nas contas da ACP, o dia parado causaria prejuízo de R$ 160 milhões à economia do município. Para tentar impedir a folga, a entidade ingressou no TJ com Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), com pedido de liminar. Como o caso não está na pauta da sessão de segunda-feira, o julgamento pode ficar para o início da semana do feriado, que vai cair numa quarta-feira.
Até lá, o debate deve continuar quente entre os comerciários e representantes do movimento negro, principais defensores do feriado. “Defendemos de forma intransigente o direito dos empresários de poder trabalhar. Teremos prejuízo enorme, já que as vendas diminuem também nos dias anterior e posterior a um feriado”, diz o presidente da ACP, Edson José Ramon.
Defesa
O cálculo da ACP tem como base o Produto Interno Bruto (PIB) do município, dividido pelos dias do ano. Método contestado pelos defensores da data. “É uma conta errada, porque o feriado incentiva atividades como turismo, lazer e gastronomia. O comércio de Curitiba fatura R$ 40 bilhões por ano. Não é um dia que fará diferença”, diz o presidente do Conselho Municipal de Políticas Étnico-Raciais (Comper), Saul Dorval da Silva.
Para o coordenador geral da União de Negros pela Igualdade (Unegro) no Paraná, Denis Denilto Laurindo, o Dia Nacional da Consciência Negra é de extrema importância, não apenas para os cerca de 23% dos curitibanos que se declaram negros. “É um diz de reflexão, de pensar nossa própria brasilidade e promover a igualdade racial. Uma data para repensar as injustiças cometidas com parcela da sociedade que contribuiu com seu próprio sangue para a construção do país”, ressalta.