Acesso difícil pro metrô

Projeto do metrô será mudado para viabilizar financiamento

A perda de cinco estações no novo projeto do metrô, feito pela Triunfo Participações, vai afetar a acessibilidade da população. A avaliação é do engenheiro civil e assessor de políticas públicas do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR), Valter Fanini.

De acordo com a empresa vencedora do Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) aberto pela prefeitura para ajustar o projeto, as modificações foram necessárias para viabilizar financeiramente a construção e a operação do novo modal de transporte. Já a prefeitura alega que o número de estações diminuiu pela questão da mobilidade e não acredita que afetará os usuários. A intenção é cumprir o prazo estabelecido pelo governo federal, que prevê a formatação do projeto até dezembro.

Mas, para Fanini, apesar de favorecer o poder público e o privado, desfavorece o usuário. “Essa alteração vai dar bons resultados no quesito mobilidade, os usuários vão chegar mais rápido ao destino, mas em compensação, a acessibilidade será prejudicada, porque a distância entre uma parada e outra será maior”. Como solução, sugere a criação de linha de ônibus integrada.

Surpresa

Ele levanta outra questão: “o mais importante de tudo isso é saber se o projeto diz qual será o tamanho das estações, porque com menos locais de paradas, o acúmulo de gente será maior. Não podemos deixar as pessoas esperando para fora, como acontece no Rio de Janeiro, por exemplo”. Cássio José Ribas Macedo, presidente do Instituto de Engenharia do Paraná (IEP), diz que “a redução das estações sugerida no projeto foi uma surpresa, mas ainda não tem como avaliar o impacto da possível alteração para o usuário”.

O governo federal deve contribuir com, pelo menos, R$ 1,7 bilhão para a construção do metrô curitibano. A prefeitura pede R$ 2,1 bilhões. Cabe à presidente Dilma Rousseff definir o valor exato. O custo total da obra está orçado em R$ 4,5 bilhões.

Amplia da CIC ao Cabral

A prefeitura esclarece que a extensão total da Linha Azul do metrô será de 22 quilômetros, entre a CIC e o Santa Cândida – a mesma prevista no projeto anterior. O novo projeto amplia o traçado da primeira fase, inicialmente de 14 quilômetros entre a CIC e a Rua das Flores, para 17,4 quilômetros da CIC ao Cabral.

Na primeira fase, o metrô terá 14 estações. Mais duas serão implantadas caso a segunda fase seja executada, totalizando 16 estações. Segundo a prefeitura, o número foi definido a partir de estudos de demanda de passageiros, para otimizar a estrutura do metrô. O projeto original previa implantação de 21 estações.

De acordo com o estudo da Triunfo Participações, a conclusão do trecho até o Cabral está prevista para 2019. Porém, em 2018 o metrô já começa a operar até a Rua das Flores. A continuação da linha até o Terminal Santa Cândida poderá ser realizada numa segunda etapa, que exigirá outra licitação e nova busca de financiamento.