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Condições de prédio da MRV param mudança de moradores

A fachada até impressiona quem passa rapidamente em frente ao Condomínio Spazzio Cantareira, na Rua Adir Pedroso, 570, Vila Iná, em São José dos Pinhais. Mas para aqueles que adquiriram o imóvel na planta, sete meses após a entrega dos primeiros apartamentos, a bela aparência já está esfarelando junto com o material usado na construção, que coleciona rachaduras e infiltrações nos oito blocos de 40 apartamentos.

A situação mais alarmante fica no apartamento 103 do bloco 2. A água e esgoto que vêm dos apartamentos de cima desembocam na cozinha. O casal que adquiriu o imóvel, depois de longa espera, já que a construtora atrasou a entrega prometida para novembro, não consegue se mudar para lá devido às condições precárias do local. “Vi a futura vizinha na semana passada, chorando de desespero ao encontrar o apartamento novo daquele jeito”, relata o síndico do condomínio, Orides Júnior.

Gerenciador de problemas

Desde que se mudou para o local, em março, e assumiu a missão de ser síndico, ele virou gerenciador de problemas. “Das mais de 200 famílias que se mudaram, acredito que somente 10% não enfrentaram algum tipo de problema no imóvel”, afirma. Ele diz que desde março tenta buscar na construtora MRV, responsável pela obra, que os defeitos sejam reparados, mas muito pouco se avançou. “Semanalmente administro casos de vazamento de gás, porque a estrutura que fizeram é incompatível com a demanda. Esse diagnóstico foi dado pela Ultragaz, empresa que queremos contratar, mas que se negou a disponibilizar o produto enquanto não houver estrutura decente”, comenta. Segundo ele, a alteração custa R$ 5 mil e os moradores já se conformaram em arcar com a obra, porém, ainda dependem da construtora para liberar o fornecedor atual, a Supergasbras, contratadopor comodato. “Nem o documento que autoriza a Supergasbras a retirar o material foi fornecido pela MRV. É muito descaso”, constata o síndico.

Vícios

O designer gráfico Edilson Cesar Bruschi desistiu do diálogo e recorreu à Justiça. “Azulejos quebrados, infiltrações por toda parte, fiação elétrica de péssima qualidade, nem parece que é apartamento novo. Imagine o que está por vir em termos de vícios de construção que aparecem mais tarde”, questiona. Outra moradora, a assistente administrativa Joice Lourenço de Lima, considera que teve sorte. “Por enquanto, o único problema que tive foi para puxar a antena, pois estava tudo entupido”.

“Decoração” com entulhos

Gerson Klaina
Parte do prédio está esfarelando. Construção coleciona rachaduras.

Mesmo quem apenas trabalha no condomínio sofre com as deficiências da obra. Um segurança que não quis ser identificado mostrou a guarita. O banheiro fica do lado do portão, impedindo qualquer visualização. Além disso, o motor do portão já pifou e ninguém resolveu a situação. Segundo o síndico, o fornecedor argumentou que foi mau uso. “Pedi um laudo, já que o uso se dava por controle remoto, mas já faz um mês que não temos nem portão eletrônico, muito menos o documento”. Para agravar ainda mais a insatisfação dos habitantes do Condomínio Spazio Cantareira, há pelo menos três pontos na área comum do condomínio “decorados” com entulhos de construção. “Transformaram isso daqui em lixão deles”, lamenta o síndico.

Empresa ,se defende

Gerson Klaina
É só reclamação. Espaço virou lixão e portão não funciona.

Em nota, a MRV explica que “o residencial foi vistoriado e recebido pelo síndico do empreendimento, que deu aceite em toda a área comum do condomínio” e ressalta que “os problemas que aconteceram após a entrega do residencial estão sendo sanados e todas as solicitações de reparos feitas pelos moradores estão sendo atendidas pela equipe de assistência técnica da construtora”. Sobre a posição da guarita, a MRV explica que foi construída “obedecendo ao projeto aprovado pela prefeitura”. A construtora também se comprometeu a entrar em contato com o síndico “para solucionar a pendência sobre a titularidade do gás e demais situações que os moradores julgarem necessárias”. Sobre o entulho, a MRV afirma ser “proveniente de obras realizadas por moradores, já que todo o entulho de obras da construtora é removido e enviado para local apropriado”.

De acordo com a gerente do Departamento de Fiscalização (Defis) do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR), Vanessa Moura, ainda não foi localizada nenhuma denúncia sobre o empreendimento no órgão. O Defis também informou que todos os procedimentos de Anotação de Responsabilidade Técnica (ARTs) foram realizados no Spazio Cantareira. Sobre a liberação da obra expedida pela prefeitura de São José dos Pinhais, a construtora explicou que o empreendimento recebeu o documento porque atestou que o projeto arquitetônico e urbanístico estava em conformidade com o que foi construído.