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Agentes penitenciários acampam em frente ao Palácio Iguaçu

O Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen) reúne, desde o começo da manhã desta terça-feira (3), cerca de 250 profissionais da categoria em frente ao Palácio Iguaçu, sede do governo estadual, no Centro Cívico. A abertura oficial dos protestos foi às 10h, com o pedido oficial de uma audiência pública com o governador Beto Richa.

Segundo o Sindarspen, a principal reivindicação da categoria é por melhores condições de trabalho. Também está na pauta o reajuste salarial de 23%, referente ao adicional de risco apresentado pela profissão. A entidade afirma que muitos agentes precisam mudar constantemente de residência e também transferir os filhos de escola – já que as ameaças feitas pelos detentos se refletem no cotidiano das famílias.

Além disso, a classe pede a contratação imediata – em caráter de urgência – de mais profissionais por meio de concursos públicos. Outras duas reinvindicações que estão na pauta do Sindarspen são o porte de arma, para defesa do próprio agente, e também a aposentadoria especial – baseada na expectativa de vida do profissional, que não passa de 45 anos.

Indicativo de greve

O Sindarspen reiterou que só deve deixar o local quando o governador concordar em receber os representantes da entidade. Por enquanto, somente o chefe da Casa Civil, Reinhold Stephanes, e a secretária da justiça, cidadania e direitos humanos (Seju), Maria Tereza Uille Gomes, conversaram com membros do sindicato, porém, sem indicar qualquer posicionamento de Richa.

A assessoria de imprensa da Casa Civil explicou que, por conta do limite prudencial, o governo fica impedido de estabelecer reajustes e fazer novas contratações. Para José Roberto das Neves, presidente do Sindarspen, caso não se chegue a nenhuma conclusão, a possibilidade de uma greve geral deverá ser discutida em assembleia geral da categoria, que será realizada no próximo dia 7.

Alto nível de estresse

Três agentes penitenciários foram mortos em presídios no Paraná, em março. Segundo o vice-presidente do Sindarspen, Anthony Johnson, os profissionais sofrem ameaças de morte diariamente por parte dos presos.

Em abril, cerca de 40 detentos integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) foram transferidos da Penitenciária Estadual de Piraquara I (PEP I) para o Rio Grande do Norte e Rondônia. “Tudo ficou um pouco mais calmo, mas soubemos que em breve eles vão voltar ao Paraná”, acrescenta. A Secretaria da Justiça não informou se o retorno dos presos vai ocorrer.

Promessa

Diante das mortes e ameaças, o governador prometeu que um ônibus iria transportar os funcionários até a PEP I e de volta para casa, com escolta policial. “Essa promessa não foi cumprida e, mesmo que fosse não resolveria nada, porque o que vai ajudar realmente na nossa segurança é ter o porte de arma, aumentar o efetivo e garantir a disciplina dentro dos presídios”, declara Anthony.

Atualmente, o Sistema Penitenciário do Paraná, de acordo com o Sindarspen, conta com cerca de 3 mil agentes em exercício, destes, muitos trabalham em funções administrativas e como motoristas.