Aranha marrom deve ser eliminada por lagartixas

O Núcleo de Estudos do Comportamento Animal da PUC-PR, a Secretaria da Saúde e o Ibama estão trabalhando juntos e realizando uma série de estudos sobre o comportamento da lagartixa, predador natural da aranha marrom. Essas instituições estão preocupadas com a utilização da lagartixa por parte da população para acabar com os acidentes envolvendo a aranha marrom.

A grande concentração da aranha nas residências da cidade aumenta com o início do verão e, na tentativa de solucionar essa questão, algumas pessoas começaram a criar lagartixa para acabar com a espécie. O problema é que em um habitat diferente do natural, as lagartixas podem se alimentar de outra forma, não somente com a aranha. Outros insetos acabam sendo fonte de comida, e para o desespero da população, os acidentes com as aranhas continuam. De acordo com as instituições que estão trabalhando no assunto, por enquanto não existe estudo publicado que comprove a eficiência da lagartixa como predador em potencial da aranha marrom, fora de seu ambiente natural.

Segundo a professora e pesquisadora do Núcleo de Estudos do Comportamento Animal da PUC-PR, Marta Fischer, esse fenômeno pode causar problemas porque os impactos que essa ação pode causar ainda é desconhecido. ?Apesar da lagartixa ser um dos vários predadores naturais da aranha marrom, não existe nenhum estudo que comprove a eficiência do animal como um predador em um ambiente em que há uma enorme quantidade de alimentos. O que garante que eles não iram se alimentar de outros insetos? Um gato e um sapo se alimentam da aranha. Ainda sabemos muito pouco sobre a lagartixa?, explica.

A pesquisadora trabalha há 13 anos com aranha marrom e explica que a grande concentração do aracnídeo em Curitiba e Região Metropolitana, acontece por causa da sua facilidade de adaptação às mais variadas alterações do clima. ?A aranha marrom vive nas residências do mundo inteiro. Elas se instalam em locais que não são de costume dos predadores, por isso é comum o grande número de acidentes. Ainda mais em uma cidade grande, onde o espaço para os animais e predadores é ainda menor?, diz.

De acordo com Marta, as reclamações sobre as lagartixas também já começaram. ?Já recebi algumas ligações de pessoas assustadas com as lagartixas. Querem tentar acabar com um problema e acabam arranjando outro. Isso não pode acontecer.

Temos que ter conclusões mais objetivas sobre o comportamento da lagartixa antes de tomar qualquer decisão. O problema é que as pessoas não esperaram esses resultados e quiseram resolver a questão?, afirma. ?A população está tomando uma atitude desesperada. Se essas pessoas continuarem a criar o animal em suas casas terão complicações. O Ibama fiscaliza toda e qualquer ação desse tipo, e a criação de lagartixas feito dessa maneira é ilegal. Além de perturbar a família dentro de casa?, conclui.

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