Gelo é principal fonte de contaminação em embalagens de bebidas

A rotina nem sempre higiênica de ambulantes e quiosqueiros que vendem bebidas na praia pode oferecer risco à população. Estudo encomendado pela Associação Brasileira de Alumínio (Abal) ao Centro de Tecnologia de Embalagem (Cetea), do Instituto de Tecnologia de Alimentos de São Paulo apontou o gelo, utilizado no resfriamento de bebida e manipulado pelos vendedores, como principal fonte de contaminação externa das latas e outras embalagens. Em todas as amostras, havia níveis de contaminação de microorganismos aeróbios mesófilos, bem como bolores e leveduras acima de 50 unidades formadores de colônia por centímetro quadrado (ufc/cm2), padrão superior ao aceito pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).

O estudo avaliou também o nível de contaminação externa das latas, copos de plástico, garrafas de plástico, copos de vidro e canudos. A lata apresentou menor nível de contaminação, com apenas 13,3% das amostras com índice superior a 50 ufc/cm2.

A gerente do Cetea, Sílvia Dantas, explica que os microrganismos presentes nas amostras de embalagens e gelo são parâmetros de contaminação em geral, mas não representam risco para a saúde:

“Das bactérias patogênicas analisadas, apenas uma, a C. perfringes (causadora da enterite necrótica) foi detectada em três de 20 latas, porém com contagem mais de 1.000 vezes inferior à dose infectiva. A maior contaminação vem do manuseio das embalagens.”

O infectologista da UFRJ Edmilson Migowski, entretanto, alerta que os organismos encontrados em grande escala no gelo podem ser indício da existência de outras ameaças, como o vírus da hepatite A:

“É mais difícil de ser analisado, e é muito resistente. Higiene é fundamental. Receber o dinheiro e, com a mesma mão, pegar a bebida no gelo é uma rotina que contamina.”

O coordenador da Comissão de Saúde da Abal, Manoel Arruda, diz que a pesquisa foi encomendada para desmentir boatos que circularam na internet sobre contaminação de latas:

“O problema não é privilégio de nenhuma embalagem. Quando ocorre, está associado principalmente ao gelo utilizado para refrigeração ou em razão de estocagem e manuseio inadequados. É, portanto, uma questão de saúde pública.”

A Vigilância Sanitária municipal, procurada pelo GLOBO, disse não ter ainda estudos que comprovem a contaminação de isopor. No estudo, o material foi recolhido quando já estava dentro do isopor. Portanto, não é possível determinar se a contaminação veio das escamas ou do manuseio.

Paulo Joarez, presidente da Associação do Comércio Legalizado de Praia do Rio, que já reúne 250 ambulantes, surpreendeu-se com o estudo:

“Orientamos os barraqueiros a seguir a lei, oferecendo canudo e copo descartável, mas não imaginei que poderia haver contaminação do gelo. É preciso ser mais higiênico.”

 
Fonte: Idec

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