O clima chuvoso e frio deve ter desanimado a maior parte dos que iam à Farofada no Granito nesse domingo (05). Quase sete mil pessoas confirmaram presença pelo Facebook, mas apenas cerca de 100 pessoas estavam na Avenida Bispo Dom José, no Batel, por volta das 15h. Tinha farofa mesmo – com pão e maionese, cadeira de praia, saxofone e gente cheia de indignação e novas ideias. Uma das organizadoras, Kaley Michelle, de 28 anos, destacou: “não é uma festa, a gente está falando de política!”.
O objetivo do evento, que teve início às 12h e estava previsto para terminar às 18h, era protestar contra os usos do dinheiro público e as desigualdades entre os bairros de Curitiba, usando a recente reforma das calçadas da Avenida, onde foram gastos R$149 em cada metro quadrado do granito, como exemplo.
O professor Cristiano Pedro, de 32 anos, veio de São José dos Pinhais para participar da Farofada. Ele considera um abuso a colocação do granito, ainda mais por Curitiba ser considerada uma cidade ecológica. “E não tem nem lixeira aqui. Serve só para desfilar, não era necessário”, afirma. Ele acredita que o clima chuvoso fez com que muita gente desistisse de ir ao evento. “Tá sendo tímida essa manifestação. O povo vê o tempo nublado e já quer ficar em casa. Eles deixam que os outros resolvam”, comenta.
O professor de história Fábio Bacila o descaso do poder público com determinadas estruturas em detrimento ao investimento em obras como a da Avenida Bispo Dom José. “Falta melhorar a infraestrutura das escolas, dos postos de saúde, o transporte público; e o poder público só pensa no embelezamento de certos pontos que privilegiam alguns grupos sociais”, ressalta.
“O bairro onde eu vivia nunca teve uma calçada”, compara a designer Suelen Caviquiolo, de 28 anos. “Existe um contraste muito grande entre os bairros”, avalia. O fotógrafo, Bruno Stock, de 28 anos, disse que não costuma frequentar o Batel, mas achou importante participar do evento e acha “importante que outras pessoas utilizem esses espaços, que venha gente de Pinhais, do Sítio Cercado, de todos os lugares”.
A organizadora Kaley Michelle disse estar contente com aqueles que presenciavam o evento. “Tá todo mundo engajado”, afirma. “O fato de se manifestar sobre essa calçada vai influenciar a política daqui para a frente”, complementa.