Caçadores de Notícias

Aos 81 anos, vovó supera tudo para ser voluntária

Disposição para ajudar o próximo é o que não falta para Dona Ruth Gouvêia Manoel, 81 anos. Mesmo sem poder sair da cama, se recuperando de uma fratura no fêmur e com a visão apenas do olho direito, Mãe Preta, como é conhecida, dedica suas horas à maior paixão de sua vida, que é o trabalho voluntário.

Ela passa seus dias produzindo peças de retalhos e consertando roupas que são doadas. Colchas, cobertores e travesseiros são entregues a entidades assistenciais e filantrópicas para serem comercializados em bazares.

“Muitas pessoas vêm aqui na minha porta pedir também e eu também dou roupas, mas a maioria mando para as entidades que me pedem. Quando produzo muito eu ligo para avisar que tem mais aqui em casa”, conta a aposentada, que mora no bairro Guaraituba, em Colombo.

Mãe de quatro filhos, hoje Dona Ruth ajuda a criar os cinco netos e dá um exemplo de perseverança por sustentar a família, mesmo depois de tanto sofrimento e desencontros que teve na vida. Perdeu o marido em 1995, e depois dele, outros três filhos também já se foram. “Perdi três filhos e por desobediência. Fumavam e não podiam, bebiam e não podiam. Só por desobediência mesmo que eles não estão aqui”, conta Mãe Preta.

Nascida em Jacarezinho, criada em Cambará, Dona Ruth chegou em Curitiba em 1966. Começou a construir seu futuro como catadora de papel, depois foi trabalhar de diarista e, por último, na cozinha de um supermercado. Foi lá que perdeu a visão do olho direito, atingido por óleo fervente enquanto fritava batatas. “Só me aposentei em 1985 e certo dia falei com Deus que não podia mais trabalhar e que ia ser voluntária”, relembra a aposentada.

Sua história de vida é exemplo para muitas pessoas. “Tive dois cânceres e aprendi com ela como devemos superar tudo isso. Ela é um exemplo para todos”, destaca Osvaldo Antunes, o filho “adotivo” que contou a história de Dona Ruth ao Caçadores de Notícias.

Quatro princípios pra ser feliz

A receita para ser feliz, apesar de todos os percalços da vida, e ainda se dedicar ao próximo é simples. Dona Ruth Gouvêia Manoel não abre mão de quatro princípios. “O mais importante é Deus. Converso todos os dias com Ele, às 4 da manhã. Peço que ajude todos os meus amigos, mas os que eu não gosto não peço nada”, conta a aposentada.

Depois de Deus, vem a higiene e a dedicação em tudo que faz, seguida pelas boas amizades e, para fechar, a grande paixão nacional: o futebol. “Eu adoro futebol, fico ouvindo no rádio, grito gol. Torço pelo Paraná desde que era Ferroviário”, revela Dona Ruth, que está confiante na recuperação do Tricolor. “Ele vinha mal, estava sofrendo, mas este ano começou bem e vamos subir, com certeza”, afirma a paranista.

Marco André Lima
Peças separadas para doação.

Confira no vídeo o depoimento da Dona Ruth.

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