Impacto ambiental

Aeródromo está com a obra paralisada desde agosto

Há cerca de seis meses, um grupo de moradores de Borda do Campo, na divisa dos municípios de Piraquara e Quatro Barras, aguarda uma definição sobre o que será feito com o aeródromo que está sendo construído naquela localidade.

A obra está paralisada desde agosto, quando foi considerada irregular pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) por não ter licença ambiental.

Mesmo com a interrupção das atividades da construção, os vizinhos do terreno estão preocupados com o impacto que ela pode ter causado ao meio ambiente.

Eles alegam que uma escavação da obra, cuja profundidade é de cerca de dez metros, teria atingido o lençol freático que abastece a represa do Iraí.

“Há várias coisas estranhas nessa obra. A pista, por exemplo, é maior do que a do aeroporto do Bacacheri, sendo que este aeródromo é privado e, portanto, não poderia ser utilizado para fins comerciais, de acordo com o Código Brasileiro de Aeronáutica. Mas a pior delas é o dano ao lenço freático, pois a represa do Iraí abastece Colombo e a região norte de Curitiba”, explica o geógrafo do Centro de Estudos, Defesa e Educação Ambiental (CEDEA), Claudio Jesus de Oliveira Esteves.

Ele é vizinho do terreno onde o aeródromo está sendo construído e conta que já pediu informações sobre a obra para as autoridades e empresas responsáveis pela construção, mas não obteve retorno.

“A gente desconfia que essa escavação, estão sendo feitas para a execução de uma trincheira. Assim, os carros passariam por baixo da pista do aeródromo, que pode ser utilizado por aeronaves de grande porte, como aeroporto de carga, devido às suas dimensões. Pode ser que estejamos errados, mas é porque há muita falta de informações sobre o caso”, comenta Esteves.

Além dos danos ambientais, os moradores da região reclamam de outros transtornos causados pela implantação do aeródromo no local. “Esse empreendimento vai nos trazer vários problemas, como o barulho, o risco de queda de aeronaves e a intensa movimentação de cargas e pessoas”, reclama o líder de produção Carlos Cesar Silvino da Costa Júnior, outro vizinho da localidade.

Eles afirmam que em nenhum momento foram consultados sobre a construção do aeródromo e que a vistoria do IAP não relatou a existência da escavação, apenas paralisando a obra por falta de licença ambiental.

Em nota oficial, o IAP informa que o pedido de licenciamento ambiental da obra está sendo analisado pelo departamento jurídico e que “caso o IAP entenda necessário o Estudo de Impacto Ambiental será convocada audiência pública, momento em que a sociedade será ouvida”.

No entanto, “ainda não há qualquer posicionamento do órgão com relação ao Estudo Ambiental necessário para o licenciamento ou não do empreendimento no local pretendido”. Não foi possível localizar a empresa que está realizando o empreendimento.

Felipe Rosa
Cláudio Esteves e Carlos Costa Junior: coisas estranhas na obra.
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