Estiagem no Sul ameaça fornecimento de energia

A escassez de chuvas durante os três últimos meses na Região Sul começa a colocar sob ameaça a normalidade no suprimento de energia elétrica ao Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Apesar disso, a hipótese de racionamento de energia não é cogitada e a Agencia Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já tomou conhecimento da situação.

Desde julho, a quantidade de água que chega aos reservatórios das hidrelétricas na região tem correspondido a cerca de 30% da média estatística histórica, levando os lagos a um progressivo rebaixamento de nível. Hoje, a acumulação média nos reservatórios do Sul é de 30% da capacidade plena.

No sistema elétrico da Copel, que compreende três das cinco grandes hidrelétricas no Rio Iguaçu (Foz do Areia, Segredo e Salto Caxias), a média de preenchimento está em 22%. O lago da Usina de Foz do Areia, a maior central geradora da Copel, conta com apenas 15,4% da capacidade de acumulação preenchida, situação jamais registrada em quase 23 anos de atividades: a seca e a necessidade de gerar energia levaram do reservatório uma coluna d?água de 33 metros, ou o equivalente a um edifício de 11 andares.

Chuva

Os técnicos da área de geração e operação da companhia ainda não trabalham com a hipótese de um racionamento de energia no Sul do país no curto prazo, mas alertam: as hidrelétricas da região precisam de chuvas abundantes até o fim do ano, caso contrário o panorama pode se agravar e a adoção de medidas drásticas de contenção ou de corte no consumo pode ser necessária.

Porém, segundo o Simepar, os próximos meses também deverão registrar chuvas em quantidades inferiores às médias históricas, levando os operadores do setor elétrico a projetar baixas afluências nos reservatórios.

Cientificados da situação hidrológica das usinas geradoras do Sul do País, a Aneel e o Operador Nacional do Sistema (ONS) estão analisando reivindicações que já foram apresentadas pelas concessionárias da região, com o objetivo de contornar a situação e prevenir a adoção de cortes no consumo.

Entre os pedidos feitos pelas concessionárias de energia estão a maximização da transferência de energia produzida nas usinas do Sudeste e Centro-Oeste, cujos reservatórios acham-se em melhor condição (acumulando em média 42% da capacidade), a liberação de toda a capacidade de geração térmica disponível no Sul e a liberação da importação de energia oriunda da Argentina, por meio das conexões Garabi 1 e 2.

Essas providências garantiriam a cobertura da maior parte das necessidades regionais de energia elétrica, que alcançam 7.100 megawatts médios. A complementação da demanda viria das hidrelétricas do próprio Sul, que apesar da pouca água armazenada precisam continuar funcionando para assegurar equilíbrio eletroenergético à operação do sistema.

A mesma estiagem que preocupa o setor de energia elétrica no Sul começa a produzir efeitos também em certos pontos da região Sudeste. A cidade de São Paulo já começou a tomar providências para contornar o problema, estabelecendo um sistema de rodízio no abastecimento de água potável à população. No interior de Minas, há informações de que em alguns municípios o racionamento de água pode começar logo.

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