Cidade Industrial

Terreno é invadido por pessoas na fila da Cohab

Um terreno na Estrada Velha do Barigui, na Cidade Industrial de Curitiba, foi ocupado por famílias sem teto ligadas ao Movimento Popular pela Moradia (MPM). A área, de propriedade da empresa Damiani Engenharia, fica próxima às vilas Sabará e Corbélia. Segundo a coordenação do movimento, no local foram já erguidas cerca de 150 barracas de lona, que abrigam em torno de 400 pessoas.

Segundo Fernando Pena, da coordenação do MPM, a ocupação começou na noite de sexta-feira,com cerca de 50 pessoas. Ontem, já havia 150 famílias no terreno batizado pelos invasores como Ocupação Nova Primavera. “Todas essas pessoas precisam de um lugar para viver, pois moram na casa de parentes ou comprometem a maior parte de sua renda com aluguel”, diz Pena.

Reclamações

Entre as pessoas acampadas no local, o relato é unânime: não aguentam mais esperar por uma casa na fila da Cohab. “Moro com meu marido e quatro filhos no Uberaba e não consigo mais pagar R$ 400 de aluguel todo mês. Estamos há cinco anos na fila da Cohab, mas não conseguimos nada”, afirma Ariane de Fátima Nogueira da Silva.

O serralheiro Adeleo Alves, que ontem trabalhava na instalação elétrica dos barracos, diz que sua espera é ainda maior. “Minha família vivia no norte do Paraná, mas a região foi toda comprada por fazendeiros e em 1989 viemos para a cidade grande. Achei que ia ser fácil me estabilizar e conseguir emprego, mas até hoje estou buscando um lugar meu para morar”, relata.

Eleitoreiro

Adeleo diz que a intenção das famílias é permanecer no local até encontrar o local definitivo para viver. “Não queremos nada de graça. Queremos pagar. Mas a Cohab exige renda fixa de R$ 1 mil e o pagamento da entrada, o que exclui as pessoas que mais precisam”, afirma.

A coordenação do movimento confirma que aproveitou a proximidade das eleições para comandar a ocupação, mas diz que a intenção não é promover ou prejudicar nenhum candidato. “Sabemos que nesta época é mais difícil a repressão, pois não é interesse dos políticos a desocupação com força policial”, diz Pena.

Companhia nega acusações

Segundo a assessoria de imprensa da Cohab, desde a criação do Minha Casa, Minha Vida (MCMV), em abril de 2009, há portarias do Ministério da Cidade que proíbem o órgão de priorizar inscrições feitas antes do lançamento do programa federal. Quando o número de unidades produzidas é menor que a demanda, o atendimento é feito por sorteio. Inclusive, algumas famílias que ocuparam a área vão participar hoje de um deles.

A Cohab informa que não há exigência de renda para inscrição no órgão. Explica ainda que o processo de contratação do financiamento é feito pela Caixa Econômica Federal, a quem compete a aprovação do cadastro, mediante comprovação de renda. De acordo com a Cohab, as famílias com renda até R$ 1,6 mil contempladas no MCMV 1 pagam prestações de 10% da renda familiar por 10 anos. Já as incluídas no MCMV 2 desembolsam apenas 5% do ganho mensal pela casa própria.

Procurada pela reportagem, a Damiani Engenharia não se pronunciou sobre a ocupação.

Veja na galeria de fotos as barracas.

Voltar ao topo