Tratamento preventivo diminui frequência da enxaqueca

Dá para diminuir de 80% até 100% a frequência das crises de enxaqueca com um tratamento preventivo. É o que a Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCe) assegura a quem sofre deste mal.  Mas para conseguir um intervalo maior entre as crises ou até mesmo a interrupção definitiva da dor, torna-se imprescindível combater a banalização da doença.

Nesse ponto tanto quem sente a dor, quanto quem atende o paciente precisam assumir uma postura mais cuidadosa em relação à enxaqueca. Segundo o presidente da SBCe, o neurologista Marcelo Ciciarelli, o tratamento profilático é recomendável para quem tem duas ou mais crises no mês, com dores que duram de quatro a 72 horas. Beta-bloqueadores, anticonvulsivos, antidepressivos e bloqueadores dos canais de cálcio são os quatro principais grupos medicamentosos empregados neste tratamento que costuma durar um ano.

‘A escolha do melhor tipo de tratamento varia conforme a resposta do paciente. O importante é que diante do controle da dor, que se dá em aproximadamente um ano de tratamento, começamos a retirar a medicação. Dependendo da reação, é possível parar por completo o uso dos remédios por haver um controle definitivo das enxaquecas‘, explica.
O custo dos medicamentos usados no tratamento varia bastante, de R$ 10 mensais a R$ 2 mil (por aplicação de toxina botulínica). ‘A aplicação de botox nos músculos da cabeça, pescoço e ombros têm dado resultados bem interessantes. Mas nada impede de se obter resultados com um tratamento mais econômico. O importante é administrar a medicação correta e evitar os fatores que acionam o gatilho da dor‘, explica o neurologista. Esses gatilhos são diferentes em cada paciente. E por isso é importante observar se a enxaqueca surge após a ingestão de determinados alimentos, ou horas no computador, a fim de poder evitar tais fatores. De qualquer forma, sabe-se que além da medicação correta, as atividades físicas aeróbicas (corridas, caminhadas) por pelo menos três vezes na semana também ajudam a diminuir a frequência da dor.

Automedicação X despreparo do médicos
A automedicação para acabar com a dor de cabeça pode piorar a enxaqueca e trazer graves prejuízos ao paciente. ‘Já atendi pessoas que perderam o dedo por gangrena decorrente de medicamentos que fazem vaso constrição‘, alerta Ciciarelli. Em partes, o problema é reforçado pela própria banalização da dor de cabeça, inclusive, nos hospitais e clínica que recebem a pessoa em um dor aguda. A SBCe vem realizando cursos para os médicos que não são necessariamente neurologistas para ampliar a rede de apoio ao paciente. ‘Todos os médicos que têm contato com pessoas com enxaqueca precisam estar preparados para melhorar a assistência ao paciente e evitar a automedicação‘, defende. Ele lembrar que 15% da população brasileira, ou seja, 30 milhões de pessoas sofrem desse mal.

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