Sobrevivência?

Manual destinado ao calouro de Direito gera polêmica na UFPR

Um manual oferecido aos calouros do curso de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR) gerou polêmica entre os estudantes da instituição e setores ligados aos movimentos feministas e direitos humanos. Isso porque o conteúdo do livreto de oito páginas afirma que as mulheres “tem a obrigação de dar”‘ e ainda orienta o calouro a “se dar bem na vida amorosa utilizando a legislação brasileira”.

O “manual de instruções” oferece dicas dos melhores bares da região ao redor da faculdade e diz que “se uma garota prometer mundos e fundos (principalmente fundos)” e der apenas um beijo, o calouro deve citar o artigo 233 do Código Civil para conseguir fazer sexo”.

Entre outros absurdos, o manual, que se chama “Como cagar na cabeça de humanos” diz também que se uma caloura disser “vamos com calma”, o aluno tem que argumentar: “Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra” O texto ainrepudia qualquer forma de manifestação com conteúdo discriminatório ou preconceituoso da complementa: “Ela vai ter que dar tudo de uma vez”.

O material foi produzido pelo Partido Democrático Universitário (PDU), que dirigia o centro acadêmico da universidade até o ano passado. De acordo com André Ramos, um dos organizadores do manual, o objetivo era fazer uma brincadeira com os calouros. “Não queríamos incitar qualquer comportamento machista ou depreciar as mulheres”, afirma.

Repúdio

O Partido Acadêmico Renovador (PAR), que atualmente dirige o centro acadêmico de direito da UFPR, divulgou uma nota de repúdio em relação ao conteúdo do manual. A nota diz que “alguns trechos são provocativos, quando colocadas no contexto das relações sociais das quais elas derivam, representam tentativas de legitimação de opressões e violências reais”.

Em reposta, o PDU também divulgou uma nota afirmando que o Manual de Sobrevivência do Calouro é, de cabo a rabo, uma piada, que tem o objetivo de mostrar aos calouros que a política acadêmica não é feita apenas de picuinhas e deslealdades.

A vice-diretora do curso de Direito da UFPR, Vera Karam de Chueiri, disse que haverá um procedimento na universidade. “Vamos averiguar tudo e tomar as providências necessárias para que casos como esse não aconteçam mais”, afirma. Em nota, o Setor de Ciências Jurídicas da UFPR afirmou que repudia qualquer forma de manifestação com conteúdo discriminatório ou preconceituoso e que eventuais abusos serão objeto de apuração e eventual punição.

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