Mauro Suyhama mora na região do Cajuru há mais de 20 anos e conhece como ninguém cada detalhe do bairro, que é um dos maiores de Curitiba. Não é por acaso que ele é presidente do conselho de segurança do Cajuru. “Vi todo o bairro crescer e como isso mudou de uns anos pra cá. Nunca vi tanta violência, aqui e em toda a cidade”, diz.
Ele afirma categoricamente que a violência é, hoje em dia, o principal problema de Curitiba e diz que algo precisa ser feito antes que situação saia do controle. “Temos finais de semana onde morrem 20 e poucas pessoas de causa violenta. A droga está corroendo a cidade e os efeitos estão aí pra todo mundo ver”, revela.
Para Mauro, se Curitiba realizar pequenas mudanças estratégicas no quesito segurança públicas, pode mudar esse cenário em pouco tempo.
Segundo ele, melhorar a iluminação das ruas nos bairros com maiores incidência de violência pode afastar a bandidagem.
“O sujeito que está mal intencionado vê uma via completamente escura, vai lá e comete um crime, sabe que está sendo acobertado pela escuridão. É o cenário perfeito”, afirma.
Além do reforço da iluminação pública, Mauro acredita que a volta dos módulos policiais e a criação das polícias comunitárias também podem ser armas eficazes no combate à violência.
“Hoje está tudo muito centralizado. Você tem que ligar pro 190. Mas se houver policiais comunitários ou módulos, o cidadão sabe quem procurar e a ajuda está ali perto”.
Na mesma linha, Mauro sugere que a polícia se comunique mais com a população.
“Hoje em dia não existe relação alguma entre polícia e moradores. Os policiais não conhecem a população e vice-versa. Não relação alguma. Não há confiança”, diz.
Efetivo
Mauro afirma que para que uma estratégia de segurança pública ter sucesso, é preciso de mais gente trabalhando. “Sabemos que a falta de pessoal é uma grande dificuldade, mas é preciso ser feito alguma coisa. Para fazer a segurança de uma cidade do tamanho de Curitiba tem que aumentar o efetivo. Primeiro, para se ter sucesso. Segundo, que com mais gente, com certeza a qualidade do trabalho será maior”, diz.
Conselhos
Uma das soluções apresentadas por Mauro já existe, mas segundo ele pode ser melhor utilizada por cidadãos e representantes do governo. “É preciso divulgar melhor os Conselhos de Segurança dos bairros. Essa é a principal ferramenta de diálogo entre as partes e se houver maior participação por parte da população, com certeza teremos resultados mais eficazes na segurança da nossa cidade”, diz.
O comandante geral da Polícia Militar do Paraná (PMPR) Coronel Roberson Luiz Bondaruk, atendeu à reportagem da Tribuna e respondeu a cada uma das sugestões apontadas por Mauro Suyhama, do conselho de segurança do Cajuru.
Diálogo sempre aberto
Para o comandante, a conversa aberta entre a população e a PMPR sempre é positiva. “Todas são sugestões absolutamente válidas, que acrescentam muito na questão de segurança pública. Mostram também uma maturidade do Conselho de Segurança no que tange a própria filosofia do conselho”, diz.
Em relação às sugestões sobre o aumento da iluminação das vias públicas e a proximidade com a população, Bondaruk afirma que estas são questões constantemente discutidas no comando.
“A iluminação é absolutamente fundamental, a luz é uma inibidora natural do comportamento delitiv,o. Da mesma forma, as ações comunitárias são objetivo também do comando da Policia Militar”, revela.
Sobre o aumento do efetivo, o comandante geral diz que já está sendo implementando a inclusão de novos policiais. “Pretendemos apresentar um numero substancial de policiais recrutados que iniciarão o seu curso de formação em breve, além de já termos algumas turmas em formação. A pretensão é que ao longo deste ano ter mais dois mil policiais incorporados ao serviço da Polícia Militar”, afirma.
Ações
Segundo o comandante, com um efetivo mais fortalecido será possível desenvolver ações de interação com os cidadãos e reforçar o relacionamento com os conselhos de segurança.
“Teremos a questão da participação comunitária mais efetiva, principalmente dos Conselhos Comunitários de Segurança. Não apenas a questão dessa reintegração comunitária, mas também estamos estudando a criação de um grande grupo de trabalho, em alto nível, para o qual estaremos chamando as comunidades de negócios, as autoridades, e a própria Polícia, que somos nós”, conclui Bondaruk.