Braços cruzados

Professores e servidores municipais em greve nesta quarta-feira

Mais uma greve promete causar transtornos aos curitibanos em um ano que já começou movimentado, com uma paralisação de motoristas e cobradores de ônibus que impactou a cidade como há muito não acontecia. Desta vez, são os professores e servidores municipais que prometem parar suas atividades por tempo indeterminado, começando nesta quarta-feira (14). Ao todo, são 35 mil funcionários – 12 mil docentes e 23 mil servidores de outras áreas, como trânsito, abastecimento e saúde. Por outro lado, a Prefeitura Municipal de Curitiba informa que está tentando atender as solicitações dos trabalhadores, dando continuidade às negociações comuns no mês de março.

A principal reivindicação dos trabalhadores, vinculados à Prefeitura Municipal de Curitiba, é de ordem salarial. Para eles, o reajuste de 10% nos vencimentos fica muito aquém do que o valor real que eles mereciam ganhar. “Aqui, o piso de professor está em R$ 1199, enquanto o nacional é R$ 1451, para professores com somente Ensino Médio. Como a Prefeitura exige que todos tenham graduação para atuar nessa função, o ideal ainda seria um salário inicial mais alto, de R$ 1800”, comenta a diretora do Sindicato do Magistério Municipal de Curitiba (Sismmac), Silmara Ayres de Carvalho. Ainda há outras reivindicações, como o cumprimento da hora-atividade.

Já os demais servidores querem uma reposição salarial de 9,46%, além dos 10% propostos pela administração municipal. “Esse seria o valor ideal para compensar as perdas históricas que tivemos desde o início do governo Beto Richa. Portanto, nada mais justo que eles atendessem ao nosso pedido este ano, que seria o último dele”, comenta a diretora de assuntos jurídicos do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc), Irene Rodrigues dos Santos.

De acordo com ela, o piso salarial de Curitiba está em R$ 646, sendo que o ideal seria pelo menos R$ 1500. “Se compararmos Curitiba com os demais municípios da Região Metropolitana, poderemos observar que a capital tem os salários mais baixos, perdendo para cidades como Pinhais e Colombo”, completa. A Prefeitura, entretanto, afirma que a partir de abril, o menor salário será de R$ 986.Tanto o Sismmac quanto o Sismuc espera uma grande adesão dos trabalhadores na paralisação desta quarta. Os sindicatos decidem, em assembleias realizadas no final da tarde, se haverá continuidade da greve nos dias seguintes.

No entanto, a superintendente da Secretaria Municipal de Recursos Humanos, Lia Nara Paludo, afirma que os indicativos de greve dos sindicatos causaram estranheza na administração municipal. “Os ofícios enviados pelas entidades não indicam os reais motivos da greve. Se o principal é a questão do piso, este é um assunto que já foi tratado no ano passado, quando mostramos que o impacto no orçamento inviabiliza a implantação porque teríamos problemas com a Lei de Responsabilidade Fiscal”, explica. Apesar da paralisação, ela garante que a Prefeitura continua com um canal aberto para as negociações.

Paralisação na rede estadual também

Arquivo
Marlei: mobilização.

Além dos professores da rede municipal de ensino de Curitiba, os docentes da rede estadual também realizam uma paralisação nesta quinta-feira (15). Não se trata, entretanto, de uma greve. “Vamos fazer uma concentração a partir das 9 horas na Praça Santos Andrade, com caminhada até o Centro Cívico, onde seremos recebidos por representantes do governo estadual às 11 horas”, explica a presidente do Sindicato dos Professores do Paraná (APP-Sindicato), Marlei Fernandes de Carvalho. A mobilização dos docentes no Paraná faz parte de um movimento nacional, convocado pela Confede,ração Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) para pressionar os governos em relação à questão da hora-atividade e outras questões.

Atualmente, os professores da rede estadual têm direito a 20% de hora-atividade, enquanto a legislação federal prevê que 33% das horas de dedicação dos docentes sejam destinadas a atividades fora da sala de aula. A categoria pretende se reunir em assembleia no próximo dia 31 para avaliar a necessidade de também iniciar uma greve. Procurada pela reportagem, a Secretaria de Estado da Educação (Seed) informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que “o Governo do Paraná já vem implementando ações de melhorias salariais para a valorização dos profissionais da educação”. Em nota oficial, ainda afirmou que “em 2011, iniciou a equiparação salarial dos professores ao dos servidores de nível superior do Estado, principal reivindicação da categoria, assumida como compromisso deste Governo”.