Nova Comissão de Controle da Raiva será instituída no Paraná

O Governo do Paraná instituirá uma nova Comissão de Controle da Raiva para a realização de ações conjuntas visando o controle da doença no Paraná. A decisão foi tomada nesta quarta-feira (26) em reunião na Secretaria da Saúde com representantes de outras secretarias estaduais e instituições não governamentais de interesse da área.

A comissão possibilitará o compartilhamento de dados entre os envolvidos, bem como o cruzamento de estratégias adotadas. “Estamos vivendo uma nova realidade epidemiológica e queremos, com a comissão, que a vigilância da raiva seja constante e interinstitucional, em todo o Paraná”, disse o superintende de Vigilância em Saúde, Sezifredo Paz.

O grupo, que se reunirá a cada sessenta dias, deverá ser composto por membros das Secretarias Estaduais da Saúde, da Agricultura e do Meio Ambiente, do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Ibama, dos Ministérios da Saúde e da Agricultura e Abastecimento, da Sociedade Paranaense de Infectologia, do Conselho Estadual de Saúde, de Organizações Não-Governamentais de Proteção Animal, de Conselhos Municipais de Proteção Animal, das secretarias municipais de Saúde, da Federação da Agricultura do Paraná (FAEP) e da Universidade Federal do Paraná, entre outros.

A coordenação ficará a cargo da Secretaria Estadual da Saúde e o médico veterinário Natal Jataí de Camargo (pioneiro no enfrentamento da doença no Estado) auxiliará o grupo nas tomadas de decisão. Uma das sugestões é que possam ser criadas subcomissões, como por exemplo, a de guarda responsável.

DOENÇA – A raiva, apesar de controlada na espécie canina, ainda oferece risco porque há circulação viral nos morcegos hematófagos (que se alimentam de sangue). Eles podem transmitir a raiva através da saliva (mordida) para cães, gatos e outros mamíferos, inclusive para o homem.

A raiva é provocada por um vírus, que se dissemina através da saliva dos animais infectados. Ela tem evolução rápida e é altamente letal. Não há registro de pessoas que tenham sobrevivido a infecção do vírus da raiva sem apresentar sequelas graves.

Ainda são registrados 55 mil casos de raiva humana por ano no mundo. Nos países que não têm ações de controle, o cão doméstico é o mais importante transmissor da doença. Em outros países, avançou o controle da raiva canina e hoje o morcego é o principal transmissor.

O controle da raiva pode ser feito através da vacina, tanto dos animais domésticos (cães e gatos), como dos animais de criação (bovídeos, equídeos, caprinos, ovinos, bubalinos e suínos).

A responsável pelo controle da raiva em herbívoros da Secretaria da Agricultura, Elzira Jorge Pierre, disse que o trabalho para a identificação dos morcegos hematófagos vem sendo realizado de acordo com o Programa Nacional de Controle da Raiva. “Trabalhamos em estado sentinela, identificando se os animais que morrem em propriedades rurais, sem motivo aparente, são positivos para a raiva. Geralmente são notificadas mais mortes de animais de criação positivos para a raiva porque eles são picados pelos morcegos e morrem no pasto, o que colabora para que sejam vistos pelos donos”, explicou.

INFORMAÇÃO – Outra ação da Comissão é de produzir material informativo para orientar a população dos riscos de contrair a doença. De acordo com a coordenadora do programa de controle da Raiva da Secretaria da Saúde, Márcia Zinelli da Silveira, a raiva deve ser trabalhada inclusive com as crianças nas escolas, para que elas identifiquem o risco que estão correndo ao brincar com um morcego ou um cão de rua que não tenha sido vacinado.

HISTÓRIA – Nos anos de 1968/69 houve uma epidemia de raiva no Paraná, onde 222 cães e 11 pessoas morreram em Curitiba. Com a padronização da vacina e do tratamento e a vacinação de casa em casa, a doença foi controlada em cinco anos na capital. Naquela época, a cidade de Curitiba foi modelo para o resto do país. Em virtude disto, o programa se estendeu para o resto do Estado. Atualmente só é feita a vacinação canina e felina compulsória em 11 municípios da região oeste porque são de fronteira com outros países.