Ataques de cachorros preocupam trabalhadores

Nem sempre o cachorro é o melhor amigo do homem. O animal pode ser também o “terror” para os trabalhadores. Carteiros, coletores de lixo, leituristas de medidores de energia ou agentes comerciais de campo – que analisam o consumo de água – sentem literalmente “na pele” o ataque de cães durante os dias de trabalho.

Os prejuízos com a mordedura de cão atingem tanto a saúde do trabalhador quanto a empresa, devido aos dias em que os funcionários precisam ficar afastados do trabalho.

O agente comercial de campo da Sanepar, em Curitiba, Andrey Ivanqui Moisa, já foi mordido três vezes durante o trabalho. O caso mais grave ocorreu na Cidade Industrial, em julho deste ano, quando o profissional teve que ficar afastado do trabalho por uma semana.

“Eu me aproximava da casa e o portão estava aberto. O cachorro, de grande porte, veio direto para cima de mim e fui mordido na perna. O problema maior foi que atingiu minha musculatura e fiquei com a marca de dois dentes do cachorro na perna”, recorda. “Os donos dizem que pode entrar porque o animal não morde, mas é sempre assim que os cachorros atacam. A gente vira sonho de consumo, os cachorros ficam esperando a gente todo o mês”, afirma Moisa.

A Sanepar tem 117 agentes comerciais de campo que trabalham em Curitiba e na região metropolitana, fazendo em média 39 mil leituras de consumo de água diariamente e visitando aproximadamente 790 mil imóveis.

Em 2009, 43 agentes foram mordidos por cães, representando 140 dias de afastamento de trabalho. Ano passado, os índices aumentaram para 60 mordeduras de cães e 214 dias de afastamento.

De janeiro a julho deste ano, a Sanepar registrou 31 casos de ataques de cães, que representaram 62 dias de afastamento. Segundo a Sanepar, os ataques aos trabalhadores ocorrem em todas as regiões, mas com maior frequência nas periferias.

A mordedura de cães em trabalhadores da Sanepar já chegou aos tribunais. No dia 3 de agosto, o Juizado Especial Criminal de São José dos Pinhais condenou o dono de um cachorro a pagar duas cestas básicas no valor de R$ 300,00. O juiz determinou que o pagamento fosse encaminhado à Apae do município.

Curso

Na Copel, o leiturista de medidores de energia recebe o treinamento “Análise Preliminar de Riscos para Leiturista”, inclusive para a prevenção de acidentes com cães.

O trabalhador aprende a detectar indícios de cães por meio de fezes no chão, cheiro de urina e pelo do animal. Ele também é orientado a manter distância dos cães e, quando o animal está solto, a pedir que o dono o prenda.

Mesmo assim, a Copel tem registros de ataques e mordeduras de cães a seus funcionários. A companhia tem 140 leituristas na Grande Curitiba. Ano passado, foram registradas nove mordeduras caninas e seis dias perdidos de trabalho. Este ano, somente de janeiro a 14 de agosto, a Copel já registrou 11 mordeduras caninas e 12 dias de trabalho perdido.

O técnico de segurança do trabalho da Copel, Gerson Luiz Gorski, disse que, caso o leiturista venha a ser mordido por cachorro, ele é orientado a procurar o posto de saúde mais próximo e avisar o supervisor.

Gorski conta que, em maio do ano passado, um leiturista realizava a leitura no Rebouças, em Curitiba, do lado de fora do portão de uma residência, com um espelho visualizador.

Ao colocar a mão no portão, com o aparelho, um pitbull apareceu repentinamente, saltou mais de dois metros e o mordeu. Ele foi socorrido pelo dono e levado ao posto de saúde. O leiturista ficou afastado do trabalho por três dias.

Cavo

Os coletores de lixo da Cavo, em Curitiba, também passam pelo perigo de ser mordido por cães. Somente nos primeiros cinco dias deste mês, a empresa registrou quatro acidentes causados por mordidas. De janeiro até agosto, foram registrados 32 casos envolvendo mordeduras e rasgaduras ocasionadas por cães em Curitiba.

Um dos casos mais graves aconteceu em 3 de setembro. “A dona da casa foi conversar com a vizinha e deixou o portão encostado. Foi o que bastou para o cão conseguir escapar e avançar contra o profissional”, conta a coordenadora de Qualidade, Segurança e Meio Ambiente da Cavo, Kelly Sayuri Nozu.

O coletor foi mordido no braço. Encaminhado imediatamente ao hospital, ele levou seis pontos. O coletor ficou afastado por uma semana. No ano passado, em uma só madrugada, dois rottweilers morderam três coletores.

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