Constatação

Estradas do Paraná estão com sinalização precária

A sinalização correta e visível nas estradas pode evitar acidentes e salvar vidas. Mas nem sempre a sinalização está em perfeitas condições, fatores essenciais para garantir a segurança de quem trafega pela rodovia. Vários trechos das estradas estaduais do Paraná apresentam esta deficiência.

“Com exceção das rodovias pedagiadas (rodovias federais), em todas as estradas há problemas de má conservação, incluindo a sinalização. Quando existem placas, elas estão cobertas pelo mato. No interior, tem gente que tira as placas para fazer uma chapa e assar pinhão. Na Região Metropolitana de Curitiba, o problema são as placas pichadas”, afirma Laertes José de Freitas, vice-presidente da Federação dos Caminhoneiros Autônomos (Fenacam).

A sinalização vertical (placas) sofre com o vandalismo, que se manifesta principalmente pelas pichações. Elas podem ser facilmente encontradas na Rodovia da Uva (PR-417), que liga Curitiba a Colombo; Rodovia dos Minérios (PR-092), entre Curitiba e Rio Branco do Sul; e na Estrada do Cerne (PR-090), entre Curitiba e Campo Magro.

Na Rodovia da Uva ainda é fácil ver placas enferrujadas e algumas delas no meio de letreiros de lojas, evidenciando uma poluição visual que pode prejudicar o motorista. Ainda existem lombadas sem qualquer sinalização e uma placa indicando uma curva caída no chão, apoiada em um poste.

Faixas

Nessas três rodovias na Região Metropolitana de Curitiba também é possível verificar falhas na sinalização horizontal (faixas pintadas no asfalto). Quase não dá para enxergar a pintura na pista em algumas partes destas estradas.

“Aqui as placas estão pichadas, não dá para ver as faixas no chão e o asfalto é muito ruim. À noite e chovendo, é procurar a morte”, afirma Luiz Gogola, dono de uma serralheria em Campo Magro, próxima da Estrada do Cerne. Na rodovia também há uma placa no meio de árvores, na beira da estrada.

Gilza Fernandes Blasi, professora do Setor de Infraestrutura Viária do Departamento de Transportes da Universidade Federal do Paraná (UFPR), explica que há deficiência na sinalização principalmente nas estradas estaduais que ficaram fora de programas de recuperação.

“As demais apresentam problemas, até mesmo pela própria condição do pavimento. A sinalização horizontal não resiste. Se não recuperar o pavimento, não tem como”, comenta. Ela ressalta que o problema com a sinalização no Paraná acontece há anos.

Frequência

Para o professor Joel Krüger, coordenador do curso de Engenharia Civil da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), a manutenção realizada hoje é insuficiente e deveria ser promovida com uma maior frequência.

“A manutenção não é só trocar as placas pichadas. Toda placa tem uma película que reflete com a luz e ela vai perdendo a capacidade com a camada de fuligem e de poeira que vai se acumulando. Também tem que lavar as placas para manter essa propriedade original”, revela.

DER não acompanha ritmo das demandas

O diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), Milton Podolak Junior, explica que os recursos para a manutenção da sinalização nas estradas estaduais estão incluídos no programa de conservação de rodovias, que também prevê reparos no pavimento e serviços de roçada na beira da estrada.

De acordo com ele, fiscais percorrem frequentemente as estradas para verificar os problemas. “Não é fácil acompanhar o ritmo do vandalismo, especialmente em áreas urbanas”, considera.

Podolak Junior afirma que são investidos em média, por ano, R$ 15 milhões de reais para a sinalização a cada dois mil quilômetros (R$ 10 milhões para sinalização horizontal e R$ 5 milh&,otilde;es para vertical). Recentemente o órgão anunciou um investimento de R$ 7,6 milhões na compra de material para a produção de placas.

Ele lembra que, nas rodovias onde há recuperação do pavimento, toda sinalização também é revitalizada no mesmo trecho. Nas rodovias em que o asfalto apresenta problemas, os técnicos do DER avaliam se vale a pena aplicar a sinalização horizontal, já que ela não ficaria perfeita pelas condições do piso.

“Se estiver para vir uma recuperação em seguida, esperamos para fazer por completo”, comenta. Ele garante que as rodovias onde existe um tráfego intenso, que desgasta a pintura, têm uma atenção periódica.

Sobre as estradas citadas na reportagem, Podolak Junior explica que neste momento as equipes estão concentradas nas rodovias do litoral para a Operação Verão 2010/2011, que começa no dia 11 de dezembro.

Depois deve ser programada uma ação na Estrada do Cerne. Sobre a Rodovia dos Minérios, o diretor do DER esclarece que há um tráfego intenso no local e que os caminhões pesados deixam cair cal na pista, o que dificulta os trabalhos.

Mas, de acordo com ele, a manutenção da sinalização é feita com frequência. Na Rodovia da Uva, um trecho está passando por obras de duplicação e o projeto prevê toda a sinalização. O edital do outro lote das obras deve ser lançado até o final do ano. (JC)