Conscientização

Matinhos quer reduzir o número de cachorros na praia

A proliferação de cachorros de rua nos municípios do litoral paranaense tem preocupado moradores e banhistas. A partir desta semana, a prefeitura de Matinhos deve começar a distribuir panfletos como ação de conscientização, numa tentativa de conter o número de animais na praia.

Ontem, a reportagem de O Estado flagrou vários animais perambulando livremente pela areia na praia de Caiobá. Para o infortúnio dos veranistas, alguns sentiam-se à vontade inclusive para tomar banho de mar.

Segundo o diretor da Vigilância Sanitária e Epidemiológica de Matinhos, Ademir Alves de Jesus, a proliferação de cães e outros animais nas areias das praias pode propiciar a contaminação de doenças, que vão desde o bicho geográfico até a leptospirose.

“Ao contrário do que muita gente pode pensar, não é apenas o rato que pode transmitir a leptospirose, mas animais bem menos repulsivos, como os cachorros”, afirma.

De acordo com o secretário do Meio Ambiente, Habitação, Assuntos Fundiários, Agricultura e Pesca, Sérgio Luiz Cioli, a prefeitura vai focalizar esforços em ações de conscientização.

“O objetivo é alertar os donos dos animais sobre o que pode e o que não pode ser feito, além de prestar orientações sobre as medidas que podem prevenir a contaminação de patologias”, diz. Segundo Cioli, há uma lei municipal que restringe a presença de animais na orla, com a previsão de multa para o proprietário do bicho.

A intenção da prefeitura, segundo Cioli, é ressaltar as medidas preventivas, como as adotadas pelo advogado curitibano Douglas Daniel Bielanski, que ontem passeava com a cadela Maionese, uma labradora de seis meses, pela orla de Caiobá.

De coleira na mão, Bielanski ainda carrega sacos plásticos e outros acessórios em uma pochete. “Ela faz suas necessidades sempre que sai de casa, pela manhã. Mas se eventualmente ela precisar “ir ao banheiro’ estamos prevenidos”, conta. Para ele, as pessoas precisam estar conscientes de que seus animais necessitam de cuidados especiais, para evitar maiores consequências.

Já o corretor de seguros Carlos Vasconcellos, também de Curitiba, não vê problemas em levar o cão da raça poodle para passear na areia. “Ele fica na coleira já para não incomodar as outras pessoas”, diz.

Ele ressalta que antes de trazer o cachorro para as férias com a família providenciou vacinas e doses de vermífugos administradas pelo veterinário. Para Vasconcellos, a maior preocupação fica por conta dos cachorros de rua. “Todos os dias vemos quatro, cinco cachorros soltos pela praia. Estes podem transmitir inclusive raiva e outras doenças de pele”, revela.

O secretário Sergio Cioli adiantou que a prefeitura prevê, ainda para este primeiro semestre, a implantação de um Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), que deve ser viabilizado por meio de recursos da Funasa e da Regional de Saúde respectiva. De acordo com ele, o espaço é importante para a recuperação de animais e para posterior processo de adoção dos bichos.

A prefeitura deve realizar um censo, em parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR), para cadastrar todos os animais domésticos no município. O levantamento deve ficar pronto em três meses.

Ainda no primeiro semestre, o departamento de zoonoses, em parceria com a Secretaria de Saúde e organizações não-governamentais (ONGs), deve dar início a um trabalho de castração para o controle da população de cães e gatos.