A Ponte da Amizade, na divisa entre Brasil e Paraguai, ficou bloqueada por cerca de uma hora e meia na manhã de ontem. Integrantes da Via Campesina, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e de movimentos sociais paraguaios, como Conselho Nacional de Organizações Populares, Movimento dos Sem Teto do Paraguai e Frente Social Popular, fizeram uma manifestação pela soberania energética e pela reforma agrária. O protesto, que ocorreu de forma pacífica, foi acompanhado pela Polícia Federal e pela Polícia Rodoviária Federal.
O grupo brasileiro marchou cinco quilômetros em Foz do Iguaçu até o local da manifestação, onde encontrou os trabalhadores paraguaios. Os dois grupos trocaram bandeiras e produtos agrícolas como símbolo da solidariedade entre os povos.
“Estamos vivendo uma crise econômica que causa mais desemprego, fome, miséria e violência, o que pode ser resolvido com um bom programa de energia e de reforma agrária”, discursou um dos líderes do MST no oeste do Paraná, Nildemar da Silva.
Outra reivindicação foi a reforma agrária total no Paraguai. Segundo o paraguaio Luís Aguayos, coordenador da Mesa Coordenadora Nacional de Organizações, há 13 milhões de hectares de terras irregulares no país, que não são colocadas no processo da reforma agrária por falta de estrutura do Estado.
No Paraguai, as manifestações pela distribuição das terras começaram na última terça-feira, quando camponeses daquele país protestaram em frente ao palácio do governo, em Assunção.
Além da bandeira da reforma agrária, ontem foi dia de cobrar a renegociação do tratado sobre a energia produzida pela usina de Itaipu, sobre a qual os paraguaios cobram mais direitos.
Para o manifestante, a luta conjunta entre os povos da América Latina é importante para resolver os problemas em comum. “A classe trabalhadora dos países da América Latina é um único povo que sofre com a desigual distribuição da riqueza. E a energia tem que estar a serviço dos trabalhadores”, defendeu Silva.