Paraná adota medidas para impedir novos casos de micobactérias

O secretário estadual da Saúde, Gilberto Martin, assinou nesta segunda-feira (28) a resolução 141/2008 que estabelece critérios mais rigorosos para reprocessamento de materiais utilizados em videocirurgias. Na prática, as alterações tornarão o processo mais seguro para esterilização do material utilizado neste tipo de procedimento e também se iniciará um levantamento de todos os pacientes que passaram por videocirurgia em 2007 para a busca de casos que porventura não tenham sido notificados. A resolução vale para todos as instituições que fazem este tipo de procedimento no Estado.

?Com esta resolução cercamos o problema. Impedimos o risco de que ela possa ir para o interior a praticamente zero e fazemos investigação para identificar eventuais casos não notificados?, explica Martin. Com a alteração, o processo de esterilização dos materiais passará de 40 minutos para 8 horas.

Durante a assinatura da resolução, que contou com a participação de todas as entidades envolvidas na sua construção, o secretário também anunciou um curso para profissionais da área que será realizado em parceria com a Associação Paranaense de Controle de Infecção Hospitalar no dia 30 de janeiro, em Curitiba. ?Com isso damos subsídios para que a resolução seja cumprida em sua integridade?, completou. O objetivo é levar esta capacitação também para o interior.

Para o presidente da Associação Médica do Paraná (AMP), José Fernando de Macedo, se depender da Secretaria e das outras entidades envolvidas na construção da resolução o Paraná não terá novos casos de micobacteriose de crescimento rápido. ?Esta resolução resolverá o problema, pois coíbe novos surtos. Quem é beneficiado é a população?, afirmou.

?As crises devem ser gerenciadas e delas devemos tirar lições para prevenir outras crises?, analisa o presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), Gerson Martins. De acordo com ele, a micobactéria já está sob controle no Paraná. ?Esta situação nos deu medo inicialmente, mas as medidas foram bem conduzidas e feitas em tempo hábil?, completou a presidente da Associação Paranaense de Controle de Infecção Hospitalar (Aparcih), Heloisa Giamberardino.

Entre os sintomas da micobacteriose estão a dificuldade de cicatrização e o surgimento de nódulos e secreção no local da cirurgia. O tempo para que ela se manifeste é bastante variável, podendo aparecer entre duas semanas até um ano. Qualquer paciente submetido a processos cirúrgicos que apresente estes sintomas deve procurar o local onde foi realizado o procedimento. Ainda não se sabe ao certo o motivo do aparecimento da micobactéria, que faz parte da família das bactérias causadoras da Tuberculose, que ao todo são mais de 160 tipos diferentes.

Este tipo de surto já ocorreu em maiores proporções em outros Estados. No Pará, em 2004, foi o primeiro grande registro de casos concentrados. Ao todo foram 300 casos notificados. Em seguida, no Rio de Janeiro, nos anos de 2006 e 2007 foram mais de 900 casos. Em todo o Brasil, nos últimos anos, o número de casos é superior a 1.500. No Paraná são 89 casos suspeitos e 48 confirmados, todos em Curitiba. Nenhuma suspeita foi relatada fora da capital.

Também participaram da assinatura da resolução as seguintes entidades: Federação dos Hospitais do Paraná (Fehospar), Federação das Santas Casas, Hospitais e Entidades Filantrópicas do Paraná (Femipa), Conselho Estadual de Saúde, Sociedade Paranaense de Infectologia e a Secretaria de Saúde de Curitiba.

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