Pesquisa revela descrença com a segurança pública

Sair à noite de casa, caminhar pelo bairro e andar de carro com os vidros abertos. Atitudes simples que os cidadãos renunciaram por medo da violência. A constatação está em uma nova pesquisa Ibope Inteligência sobre insegurança, realizada em todo o país, a pedido da agência de publicidade Nova S/B Comunicação.

Para 61% dos entrevistados, dirigir seus carros só com os vidros fechados; outros 58% não permitem que seus filhos saiam sozinhos à noite; e 53% deixaram de andar à noite pelas ruas do bairro onde moram. De acordo com o sociólogo e professor da PUC/PR, Lindomar Wessler Boneti, o brasileiro procura maneiras de se proteger sem esperar ações efetivas do governo, o que fomenta um grande individualismo no ser humano. ?Temos, cada vez mais, em nosso modelo social de desenvolvimento, uma cultura de individualismo. Isso faz com que as pessoas ajam sem se preocupar com o coletivo?.

Insegurança em alta

O estudo revela, ainda, que 61% dos brasileiros acreditam que a cidade onde moram é insegura ou muito insegura. Já para 49%, a situação de segurança nos dois últimos anos piorou, enquanto apenas 21% acham que melhorou. ?Pessoas que sofreram qualquer tipo de violência repassam o discurso do cuidado. Como nós seres humanos aprendemos com o comportamento dos outros, acabamos criando uma neurose coletiva?, explica a psicoterapeuta e professora de Psicologia da PUC/PR, Renate Vicente.

Para o sociólogo Lindomar Wessler Boneti, essa não é a única razão que faz as pessoas se acuarem diante da violência. A segunda seria a reação da defesa imediata. ?É o reflexo da defesa sem muito planejamento, sem pensar no todo. Se quero me proteger, então me tranco no carro ou dentro de casa.? Já a terceira e mais importante, na opinião dele, é a falta de confiança que as pessoas sentem em relação ao setor público. ?Me parece que as pessoas não confiam nas políticas públicas e buscam soluções individuais para o problema.?

O presidente da Federação dos Vigilantes do Estado do Paraná e do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região, João Soares, destaca o aumento pela procura de segurança privada. ?Este segmento cresce de forma consistente devido à falta de políticas públicas que venham a intensificar a segurança pública. Existem no Congresso Nacional inúmeros projetos de lei que visam  regulamentar o auxílio da segurança privada junto ao poder público?.

Os serviços mais solicitados pela população são circuitos internos de TV, contratação de segurança pessoal e patrimonial e escolta de pessoas. No ano passado, foram investidos R$ 14 bilhões em segurança privada no Brasil. Em contrapartida, o governo destinou apenas um terço destes valores para a segurança pública. ?Os números comprovam a maior eficiência do setor privado na proteção de pessoas e de patrimônio do que a segurança pública?, diz Soares.

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