Fumaça de ônibus causa irritação nos olhos e tosse

O mesmo ônibus que transporta centenas de passageiros todos os dias pode ser também um dos maiores responsáveis pela poluição do ar, caso seu motor esteja desregulado e emita, além do monóxido de carbono, grande quantidade de partículas poluentes. Na semana passada, o fotógrafo Chuniti Kawamura, de O Estado, flagrou um veículo da linha Interbairros III, que transitava pela Avenida das Torres, em Curitiba, emitindo grande quantidade de fumaça. Embora não fosse tão escura ? indicador de quando o motor está queimando mal o combustível ?, a fumaça chamou a atenção pela densidade.

“Os ônibus deveriam passar por regulagem a cada duas semanas, de forma efetiva, para que não poluíssem de maneira tão intensa”, defende a coordenadora do projeto Pró-Ar, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), professora Zióle Zanotto Malhadas. Segundo ela, o cuidado deveria ser maior especialmente este mês, quando aumenta a poluição do ar. “Agosto é o período mais crítico. Primeiro, porque há pouco vento e assim os poluentes não dispersam. Segundo, porque as oscilações da temperatura são muito grandes e ocorrem as inversões térmicas”, explica.

Outro problema relativo à fumaça emitida pelos veículos, cita a professora, é a atitude dos motoristas de ônibus em acelerar os veículos aguardam os passageiros. “Além de queimar combustível, poluem ainda mais o ambiente. Toda aquela fumaça vem direto para o rosto das pessoas”, diz.

Entre as conseqüências do poluição do ar, relativas à saúde, estão a tosse, agravamento de um resfriado, bloqueio nas vias respiratórias, irritação nos olhos, na garganta e envelhecimento precoce. As maiores vítimas são crianças e idosos. “Não há divulgação sobre a qualidade do ar por órgãos públicos como o IAP (Instituto Ambiental do Paraná). E como ninguém é informado, ninguém se previne”, lamenta.

Urbs

Segundo o gerente de Vistoria e Cadastro da Urbs ? empresa que gerencia o transporte coletivo na Grande Curitiba ?, Élcio Luiz Karas, é feita vistoria apenas em 10% a 15% da frota operante, numa espécie de amostragem. Ou seja, dos 2.500 ônibus urbanos e metropolitanos, cerca de trezentos fazem o teste mensalmente. Ele explica que a vistoria é feita a partir a colocação de um aparelho digital que mede o índice de fumaça acoplado ao motor do coletivo e ao escapamento. Conforme resolução do Conama, o índice para veículos produzidos a partir de 98 é de 1,7 unidades de opacidade. Quando são encontradas irregularidades, conta Karas, a empresa é avisada para providenciar reparos em uma semana. Depois disso, se a empresa não cumprir as exigências, o veículo é proibido de circular. As causas mais comuns da emissão de poluentes são falta de calibragem do sistema de injeção, problema na turbina, escapamento amassado ou furado.

Além das amostragens, a Urbs também realiza blitz e atende a denúncias de usuários. De acordo com Karas, são registradas entre sete e quinze denúncias por mês. “Todas as reclamações são atendidas”, garante. Em Curitiba, há 26 empresas operando no transporte coletivo urbano e metropolitano.

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