CPI quer quebrar sigilo de 112 sanguessugas

O vice-presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), vai solicitar à comissão, nos próximos dias, que notifique todos os parlamentares sob suspeita de terem recebido suborno para destinar recursos do orçamento a prefeituras que compravam ambulâncias. Após essa etapa, Jungmann disse que encaminhará um segundo requerimento à CPI, pedindo a quebra de sigilo bancário dos 112 parlamentares acusados. "Estamos diante de uma crise institucional", afirmou Jungmann. "É preciso uma faxina geral no Congresso.

No início da investigação da CPI, as apurações indicavam que 57 parlamentares estavam envolvidos na máfia dos sanguessugas. Segundo reportagem da revista Veja desta semana, porém, o número exato é 112. A primeira leva, de 57, já foi notificada para dar explicações.

Jungmann defendeu que todos os citados sejam afastados de cargos em comissões do Congresso. Na lista revelada por Veja há uma novidade: o nome do ex-deputado paulista pelo PPS, Emerson Kapaz. Empresário e conhecido por integrar movimentos pela ética na política, Kapaz negou com veemência a acusação de integrar a quadrilha que superfaturava ambulâncias. Presidente do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (Etco), disse não ter idéia de como o seu nome apareceu na lista. "Pelo que me lembro, minhas emendas (ao orçamento) nem chegaram a ser liberadas", afirmou.

Em depoimentos sigilosos prestados à Justiça Federal, o empresário Luiz Antônio Vedoin, um dos sócios da Planam – empresa pivô do escândalo – contou como funcionava a máfia dos sanguessugas e deu o nome de deputados e senadores que recebiam propina para negociar suas emendas ao orçamento. Segundo Veja, Vedoin apresentou farta documentação para provar o envolvimento de Kapaz.

O ex-deputado, de acordo com a versão de Vedoin, teria tratado diretamente com os prefeitos beneficiados para que as licitações para a compra de ambulâncias fossem vencidas pela Planam. O empresário chegou a apresentar o número de dois cheques que teriam sido usados para pagar uma propina de R$ 52 mil a Kapaz.

Na sexta-feira, o presidente da CPI, deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ),pediu o afastamento da comissão do também deputado Marcondes Gadelha (PSB-RJ) e do senador Jonas Pinheiro (PFL-MT). Gadelha e a deputada Celcita Pinheiro (PFL-MT), mulher de Jonas, também foram acusados por Vedoin de negociar emendas com a máfia dos sanguessugas. Os dois negaram vínculo com o esquema de corrupção. "Precisamos fazer uma apuração para valer, porque essa situação é de uma gravidade absoluta", reforçou Jungmann.

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