Hosken de Novaes morre aos 89 anos

O ex-governador do Paraná José Hosken de Novaes morreu ontem pela manhã em Londrina, vítima de infecção generalizada, broncopneumonia e falência múltipla de órgãos. Hosken de Novaes estava internado no Hospital Mater Dei desde o fim do ano passado e completaria 89 anos no dia sete de fevereiro. O enterro está marcado para hoje, às 10h, no Cemitério Padre Anchieta, em Londrina. O prefeito do município, Nedson Micheleti, decretou luto de três dias em memória do ex-governador.

Para o governador Roberto Requião, Hosken de Novaes foi um dos mais íntegros homens públicos da história paranaense. "É com sincero pesar que recebemos a notícia do falecimento do governador Hosken de Novaes. Quem quer que seja, qual fosse a tendência política, sempre viu Hosken de Novaes com respeito e viva admiração pela inteireza de caráter e pela lendária e proverbial honestidade", afirmou Requião.

O vice-governador, Orlando Pessuti, é quem irá representar o governo do Estado no velório e sepultamento que acontecem hoje pela manhã. Pessuti lembrou que como governador substituto, nas eleições em 1982, Hosken de Novaes não interferiu nem favoreceu nenhum político no processo. "Ele completou o mandato sem causar transtornos, não tomando nenhuma medida que pudesse parecer favorecimento eleitoreiro. Foi um verdadeiro magistrado, o que não poderia ser diferente, uma vez que era professor de Direito", afirmou.

De acordo com o ex-governador do Paraná Paulo Pimentel, Hosken de Novaes foi um profissional liberal de primeira linha, que ocasionalmente entrou na política. "Ele militou na antiga UDN, junto com Milton Ribeiro de Menezes, defendendo a democracia, a liberdade de imprensa e dos cidadãos. Tinha um espírito público altamente elevado", afirmou.

O senador Alvaro Dias também lamentou a morte de Hosken de Novaes e lembrou o comportamento de Hosken como vice-governador e como governador. "Ele foi isento como governador e preparou o governo para entregar ao José Richa. Muitas vezes assusta as atitudes que um governante pode tomar nos últimos meses de mandato, mas Richa teve a felicidade de receber o governo perfeitamente em ordem", disse.

Em homenagem a Hosken de Novaes, o prefeito de Curitiba Beto Richa comentou a importância do ex-governador na política paranaense. "Nos cargos públicos que exerceu, seja como prefeito de Londrina, seja como governador do Paraná, destacou-se por sua postura ética e retidão moral. Teve sua vida pautada pela busca permanente da justiça e pelo respeito às pessoas", afirmou Beto. Tanto na Prefeitura de Londrina quanto no governo do Estado, Hosken foi sucedido por José Richa, pai do atual prefeito de Curitiba.

O prefeito de Londrina, Nedson Micheleti, lembrou que além de governador, Hosken de Novaes também esteve à frente na administração do município, entre 1963 e 1967. "Foi um político e um administrador íntegro, que sempre zelou pelos bens públicos de forma honesta e responsável. Além disso, tinha espírito visionário e ousado, demonstrando essas características quando criou a Companhia de Habitação (Cohab) e o Serviço de Telecomunicações (Sercomtel), em seu mandato como prefeito de Londrina", afirmou Micheleti.

Um mineiro discreto e tranqüilo

José Hosken de Novaes nasceu em Carangola, Estado de Minas Gerais, em 7 de fevereiro de 1917, filho de Américo Moreira Novaes e Maria Hosken de Novaes. Fez o curso fundamental no estado onde nasceu. Mudou-se para o Rio de Janeiro para estudar Direito. Em 1939 obteve o grau de bacharel em ciências jurídicas pela Faculdade Nacional de Direito. Em 1942 a família mudou-se para Londrina, norte do Paraná, dedicando-se à advocacia.

Ingressou na política após a redemocratização do país em 1945, na União Democrática Nacional. Seu prestígio como advogado e líder ultrapassou as fronteiras do município. Exerceu assim os cargos de procurador-geral do Estado, secretário de Estado da Fazenda e membro da Comissão Estadual de Revisão de Terras e Consultas.

Em 1963 elegeu-se prefeito municipal de Londrina, com administração modelar. Eleito vice-governador em 1979, assumiu o poder para completar o período governamental, dada a desincompatibilização de Ney Braga, candidato ao Senado. No discurso de posse declarou: "Pretendo terminar este governo sem descaracterizá-lo ou renegar seus compromissos políticos".

Parcimonioso, destacou-se pela contenção de gastos, apoio às atividades culturais e proteção ao social. Presidiu, com total isenção, as eleições governamentais com transparente austeridade. Professor de Direito Civil, ao deixar o governo, voltou às aulas e ao seu escritório de advocacia em Londrina, onde iniciou sua vida política.

Enquanto vice-governador, Hosken teve direito a uma pequena sala, com um ou dois assessores e um velho automóvel que o levava para casa ao fim do expediente. Ao assumir o cargo, quando da desincompatibilização de Ney Braga, que tencionava voltar ao Senado, no discurso que fez, Hosken afirmou estar surpreso de ver tanta gente, porque, afinal, o que ocorria ali, naquele momento, era uma possezinha sem importância.

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