Decididos, curitibanos dizem”não”

Decididamente, o curitibano optou pelo "não" no referendo. Na escola Júlia Wanderley, no Batel, foi difícil encontrar um eleitor que tivesse optado pelo "sim". De todos os entrevistados, apenas Leoni Comel apertou a tecla dois na urna eletrônica. "O quinto mandamento de Deus diz "não matarás’ e quanto mais armas no Brasil, mais desrespeito à lei de Deus", diz convicta.

Porém a maioria dos eleitores acredita que a proibição do comércio de armas é um acinte à liberdade pregada pela democracia. "A pessoa tem que ter o direito da escolha. Se vai ou não comprar arma, é uma opção que cabe a cada um. Na verdade, votar pelo não é um voto à democracia", afirmou José Ferreira dos Santos, que votou com a "ajuda" da filha, a pequena Cristina Aparecida dos Santos.

Quem também fez questão de participar do pleito, mesmo precisando de muletas para se locomover foi Luiz Carlos Manieri Carlesso, que preferiu manter seu voto em segredo. "Faço questão de vir votar e exercer meu direito de opinar."

Violência

O aposentado Wilson Teigão, 87 anos, fez questão de ir à urna para assegurar que seu desejo maior seja cumprido. "Não tem que desarmar o cidadão de bem e sim os bandidos, que promovem essa violência que temos na cidade". Denise Ernlund vai mais longe e crítica a validade das leis no Brasil. "A única lei que funciona de verdade aqui é a lei da gravidade. E mesmo que essa lei emplaque, acredito que a violência não tem a ver com a comercialização legal de armas."

Aumentando o coro pelo "não", Fabiano Fatuch diz que a grande questão é o tipo de desarmamento que se prega. "Não é desarmando o cidadão comum que vai se resolver o problema. Isso é só a ponta de um iceberg marcado pela violência promovida pelos bandidos. O problema é bem maior que isso."

Eleitor foge da convocação

A estrutura montada no Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Infrator, no Tarumã, para onde seriam levadas as pessoas que cometessem crime ou contravenções durante o referendo, não foi usada. Quinze policiais militares fizeram plantão no local para receber os detidos, porém, não tiveram trabalho.

A única detenção aconteceu em frente ao Colégio Paula Gomes, na Vila Isabel. Eloir José de Oliveira, de 20 anos, foi levado para o 8º DP por provocar tumulto. Ele apresentava sintomas de embriaguez.

Um fato curioso foi a fuga de um eleitor convocado de última hora para trabalhar no processo eleitoral. De acordo com informações do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), um dos três mesários que atuavam em uma seção passou mal e precisou se ausentar. O eleitor que estava na fila foi convocado, mas ao invés de aceitar, saiu correndo em uma moto. O TRE confirmou que a placa do veículo foi anotada, e o eleitor será chamado para dar explicações à Justiça Eleitoral.

Alguns mesários reclamaram do kit alimentação servido pelo TRE – sanduíches, bolachas e sucos. Eles chegaram a cogitar "levantar" recursos com eleitores para fazer a refeição, o que não aconteceu. O TRE explicou que nas eleições anteriores distribuíram vales-refeição, no entanto, em alguns locais não eram aceitos. Por isso, fizeram sondagem entre os mesários, que optaram pela distribuição do kit.

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